A opinião de ...

O Natal que não queríamos

Há um ano por esta altura, redobravam-se os apelos a especiais cuidados nos ajuntamentos familiares e festivos na quadra natalícia, devido à famigerada pandemia de covid-19 que virou de pernas para o ar o nosso modo de vida.
A expectativa era a de que, com a chegada da vacinação no início de 2021, este Natal pudesse marcar já um regresso à normalidade.
Afinal, aqui chegados, as discotecas voltam a encerrar e a restauração e hotelaria a ficar fortemente condicionada numa das alturas mais críticas do ano para a sua sobrevivência.
A nova variante da doença, a ómicron, deu as voltas a peritos e governos e a ameaça de um novo confinamento a abrir 2022 paira sobre as nossas cabeças.
Por cá, os partidos, já em modo pré-eleitoral, mandaram a responsabilidade às malvas e desataram a criticar as medidas tomadas pelo Governo mas sugeridas pelos peritos, num claro sinal de irresponsabilidade e em modo de aviso para o que aí vem na campanha.
É certo que ninguém queria este cenário de constrangimentos, que não aproveita a ninguém.
Mas há um ano toda a gente criticava, pelo contrário, a chamada abertura do Governo para as festas de Natal. E o início do ano foi o que se viu, ao nível de infetados, internamentos e óbitos.
Agora que as medidas apontam para um controlo mais apertado, aqui d'El Rei que é demasiado.
As eleições tendem a tolher o raciocício de muito boa gente mas é nestas alturas que o sentido de responsabilidade cívico e político é fundamental.
Afinal, aquilo a que assistimos é a um mero aproveitamento da situação.
Caso a situação fosse inversa, com o Governo a dar rédea solta à sociedade nesta quadra natalícia, o discurso seria precisamente o inverso, com acusações de irresponsabilidade governativa.
Numa sociedade madura e responsável, as declarações políticas não podem aparecer em sentido catavento, ao sabor da corrente do dia.
Com os tempos difíceis que enfrentamos, exige-se sentido de Estado, coerência, responsabilidade e, acima de tudo, maturidade.
Coisas que têm faltado aos partidos portugueses nos últimos tempos, mais dados a taticismos de circunstância, pensando no ganho imediato de cada um e não no melhor para a maioria.
Uma atitude que, espera-se, mude com as resoluções de novo ano porque o povo já mostrou estar farto dos oportunismos políticos.
As próximas serão das eleições mais importantes da história do país e, sob pena de termos de voltar às urnas poucos meses depois de 30 de janeiro, é preciso inverter a tendência de subida de abstenção que se vem verificando.
Não, este não é o Natal que queríamos, em que os convívios familiares voltam a estar fortemente condicionados e com uma sombra negra a pairar sobre as famílias numa altura ques e quer de união, fraternidade e esperança, celebrando o nascimento do Salvador, o filho de Deus.
Vamos, todos, dar um sinal desse crescimento tão necessário, com comportamentos responsáveis no recato do lar. Um bom Natal, com saúde.

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