A opinião de ...

O som do silêncio

Simon & Garfunkel são uma das duplas de renome do panorama musical mundial.
Já cantavam, há décadas, sobre o som do silêncio.
Sobre “pessoas que falam sem dizer nada”...
Sobre “pessoas que ouvem sem escutar”...
Sobre pessoas “que escrevem canções que nunca serão cantadas”...
Pois “ninguém se atreveu a perturbar o som do silêncio”.
Um silêncio que “cresce como um cancro”.
No caso da pandemia de covid-19, o mundo passou praticamente do oito ao oitenta. Passou da histeria coletiva da pandemia, em que nada mais se ouvia em todo o mundo, para o extremo oposto, em que a pandemia praticamente despareceu das nossas vidas, com o estalar de dedos com que Vladimir Putin ordenou a invasão da Rússia por parte do exército russo.
O cansaço da pandemia já era muito. A saturação ainda maior.
Mas, de repente, passámos de noticias e noticiários diários, inteiros, sobre a pandemia, em que se apelava ao cuidado por parte das pessoas, para uma quase completa ausência de informação e formação.
E, já diz o povo, longe da vista, longe do coração. Neste caso, longe da vista e dos ouvidos, a pandemia desapareceu das nossas vidas.
Mas os últimos dias trouxeram um autêntico banho de realidade, com uma subida de casos de meter respeito.
É verdade que, proporcionalmente, tendo em conta que agora deverão ser muito superiores os números de pacientes infetados, mantendo-se o número de pacientes internados sensivelmente o mesmo, significa que os efeitos da pandemia já não são, felizmente, tão nefastos quanto no início.
Mas a verdade é que os serviços de saúde já se começam a ressentir com o aumento de acessos aos serviços de urgência.
A comunicação, por parte do Governo, do aligeirar de medidas terá sido, também ela, feita de forma demasiado ligeira, sem acautelar que fosse incutida na mente das pessoas a cautela que deveriam continuar a ter, apesar de nos podermos livrar das máscaras.
A consequência é que, devido ao aumento de casos de contágio nos últimos dias, o recurso às máscaras de forma obrigatória novamente já começa a ser apontado por diversos especialistas como o caminho a seguir.
Um caminho que vai encontrar muita mais resistência do que em momentos anteriores.
Por isso, urge mais transparência e uma comunicação assertiva, de forma a haver uma completa consciência do ponto da situação.
Porque há mais vida para além da guerra na Ucrânia e é essa vida que urge preservar.

Edição
3884

Assinaturas MDB