A opinião de ...

5 - Migrações: (continuação) o reverso da moeda, antes que toque a finados

A ideia supina de classificar como “dores de crescimento” as consequências da vaga descontrolada de emigrantes que, nos últimos tempos, tem demandado Portugal, feita numa ação de campanha eleitoral pelo cabeça de lista de um dos partidos concorrentes às eleições para o Parlamento Europeu, ridícula demais para passar em claro.
O que, numa primeira análise, até poderia ser interpretado como um infeliz “lapsus linguae”, vindo de quem veio, e nas circunstâncias em que foi proferida, porque as coisas mudaram consideravelmente, é forçoso reconhecer que se passou dos limites aceitáveis e se foi muito para além duma miserável insinuação descabelada e desajustada da realidade, na medida exata do perfil político liliputiano de quem a proferiu, o que nos trouxe à memória dois ditados populares que, com clareza meridiana, enquanto um diz que “Quem mal fala, sua boca suja” o outro, com todo o respeito pelos asininos, lembra que “Vozes de burro” não chegam ao céu”.
Por vezes, e não há com esconder esta realidade, é uma vergonha,(mas isto para quem a tivesse) a leviandade, o oportunismo saloio e a imoralidade imperdoável com que se aborda um problema desta magnitude, como se tudo se resumisse a admitir migrantes, vindos dos confins do mundo, pasme-se, única e exclusivamente para, com os seus descontos, engordar os cofre do estado e, desculpem-me o plebeísmo, fazerem muitos filhos para rejuvenescer e aumentar a população deste pequeno país, velho e caduco, que egoisticamente se demitiu de o fazer, espreguiçando-se comodamente à sombra da bananeira a ver partir para outras terras milhares e milhares de jovens, quase todos formados, a quem, pomposamente, chamam, e é, a juventude mais qualificada de sempre.
Em teoria nada a opor, se este aparente intercâmbio de pessoas, no que a Portugal diz respeito, não fosse nada mais do que a troca ruinosa de jovens qualificados por apanhadores de berbigão nas águas lodosas dos rios.
A este propósito, para analisar esta situação de uma perspetiva diferente, excecionalmente, publico a seguir o comentário ao meu artigo da semana passada , escrito por um elemento das nossas forças de segurança que, por mérito próprio, subiu a pulso até ao topo da carreira de chefia da PSP :
“Os portugueses também foram emigrantes mas adaptaram-se às diferentes culturas. Trabalharam e vingaram à custa de muitos sacrifícios, lágrimas e suor.
Nunca quiseram mudar nada nem interferir nos países que os receberam. Trabalharam e temos exemplos, mesmo de analfabetos, sem desrespeito, que construíam grandes impérios. O espírito de ”ocupação” era outro do dos imigrantes de agora. Quem impõe o quê e a quem? Religião, cultura, costumes, quais devem prevalecer? O que é a identidade de um povo?
Bem vindos os que vierem por bem. Mas eles vêm para ficar, ou para fazer do nosso retângulo um trampolim?
Haja bom senso, haja controle, abaixo a bandalheira”.

Edição
3989

Assinaturas MDB