Aprovação do OE/2025: (4) será que havia mesmo necessidade?
Com a entrada na Assembleia da República da proposta do orçamento do estado para 2025, terminou um cíclico político o qual, sem qualquer motivo plausível, se arrastou por um período de tempo escandalosamente longo, como se, no imediato, a aprovação ou rejeição desse orçamento fosse a principal das nossas preocupações.
Mesmo assim, nada justifica o alheamento e a inação endémica da cada vez mais numerosa e influente classe de políticos e seus satélites que, ano após ano, eleição após eleição e crise política atrás de crise política, explorando as fragilidades duma constituição velha e caduca como a nossa, a pedir uma revisão tão urgente quanto profunda, como se os seus interesses se confundissem e se sobrepusessem aos interesses de todos os outros e a administração pública fosse uma espécie de quintal exclusivamente seu e com direito a sucessão, se instalaram, gravitam e prosperam à sombra da maior agência de empregos em que transformaram, ou permitiram que se transformasse, a grande maioria dos serviços da administração pública.
As consequências danosas estão à vista de todos e, por razões óbvias, só o número incalculável de todos aqueles que, sem olharem a meios, para continuarem a garantir as benesses e mordomias da situação, não têm o qualquer rebuço em fazer tudo o que for preciso para se manterem sempre bem dentro da órbita do poder.
Por mais que tentem negá-lo, o certo é que, com o fim da situação de indefinição quanto à aprovação ou rejeição do orçamento do estado para 2025, que o país vinha vivendo desde as recentes eleições legislativas, e que ameaçava prolongar-se no tempo até ao absurdo, terminada pela decisão de o Partido Socialista de se abster na votação, uma decisão, segundo o seu secretário geral, “DOLOROSA MAS NECESSÁRIA”, o terreno fugiu debaixo dos pés a muita boa gente.
Agora, de todos os agentes da atividade política, de acordo com o compromisso assumido nos atos eleitorais, e na exata medida das responsabilidades de cada um, resta esperar que, para evitarem que alguma credibilidade que ainda lhes possa restar caia nas ruas da amargura, façam a autocrítica da qualidade do seu recente desempenho e intervenção na cena política, se esforcem por desenvolver uma atividade mais objetiva e responsável no desempenho das missões com que se comprometeram perante os eleitores que vá de encontro as espectativas criadas pelas promessas feitas durante as campanhas eleitorais.
Numa conjuntura de crise quase global, como esta que parece estar eminente que, a concretizar-se, ninguém poderá garantir como e quando terminará, isto é o mínimo que de todos eles se espera, aproveitando para relembrar a todos que o povo merece, regista e agradece.