A banca – 2 Vimioso já beneficia da “Inteligência Mural”. Parabéns!
Por mais estranho que pareça, foi nas remotas terras de Vimioso, o recanto mais nordestino de Trás-os-Montes, encastoado entre os concelhos de Miranda e de Bragança, onde “acaba a (nossa) terra e não começa o mar”, que foi feita a apresentação universal da fantástica “Inteligência mural”, a versão mais poderosa e atualizada da inteligência artificial que, contra tudo o que seria lógico de esperar, por uma feliz conjugação de astros extraterrestres, acaba de ser instalada naquela maravilhosa vila raiana, junto à porta principal das instalações recentemente abandonadas da agência do BCP.
É caso para dizer parabéns Vimioso e obrigado BCP.
Sem que nada o fizesse prever, como que por um fantástico passe de mágica, só comparável ao virtuosismo das exibições dos melhores palhaços e prestidigitadores dos antigos circos populares que, para garantirem a sua subsistência, exibiam de terra em terra as suas habilidades a troco de pouco mais que nada, com sublimado sentido de oportunismo, o referido banco, aproveitou bem a sorte que lhe passou à porta e, com sentido de grande generosidade, para compensar os seus clientes pela desilusão, pela desconsideração e pela revolta causada pelo fecho da sua agência naquela vila, sem olhar a despesas, passou imediatamente à ação.
Num ápice, mandou para o teto todas as potencialidades da “Inteligência Artificial” e, em dois simples buracos, tipo passa ratos, abertos na parede voltada para a rua, do dia para a noite, instalou as duas primeiras máquinas multibanco desta nova geração, movidas a hélio e hidrogénio, e equipadas com a revolucionária tecnologia da “Inteligência Mural”, dotadas de capacidade ilimitada para ler o pensamento das pessoas, extremamente fáceis de utilizar por velhos e por novos, pelos ricos e pelos pobres, por quem nunca viu nem nunca verá, não sabe nem nunca saberá o que é e para que serve um computador, quem não conhece uma letra do tamanho duma ponte, não sabe contar nem escrever, condições estas em que ainda se enquadram muitos dos clientes que o banco deixou entregues à sua sorte.
Agora, esses clientes, para fazerem tudo e muito mais ainda do que faziam quando eram atendidos pelos empregados ao balcão, com o recato, o profissionalismo e a discrição próprias da atividade bancária, daqui em diante, esqueçam as perdas de tempo nas filas de espera, cartões fáceis de perder com códigos fáceis de esquecer, os cheques que estão pela hora da morte e tantas outras chatices e exigências inerentes à indispensável segurança da atividade bancária, terão apenas de pensar no que precisam do banco.
Depois, calma e descontraidamente, será aproximarem-se das maravilhosas “máquinas da inteligência mural” as quais lerão o seus pensamentos e, no tempo dum relâmpago, satisfarão plenamente tudo o que lhes for solicitado no âmbito da atividade bancária e depois o resto logo se verá.