A opinião de ...

Incêndios florestais 2022 Como sempre os bombeiros, a floresta e os meios

Tendo em conta as condições climatéricas que, desde o princípio da primavera, faziam antever para este ano uma época de incêndios extremamente preocupante , mesmo assim é incompreensível a tentativa redutora, demagógica e extremamente injusta como, de todos os jeitos e feitios, se tenta justificar o injustificável, imputando as causas desta tragédia apenas à floresta, aos bombeiros e à insuficiência de meios.
1 -OS BOMBEIROS
Por limitações de espaço, deixo para uma análise posterior a complicada problemática dos meios disponíveis e a situação vergonhosa de abandono em que se encontra o património florestal do país para, na sequência do trágico acidente que vitimou o piloto André Serra, dar especial atenção ao trabalho dos bombeiros no teatro de operações.
Não encontrando qualquer explicação plausível para a falta de respeito, a deselegância e a maneira injusta como, não raro, é classificado o trabalho dos milhares de homens e de mulheres que, a exemplo do malogrado piloto André Serra, arriscam a própria vida para salvar a vida e os bens dos seus semelhantes, para todos quantos, nas grandes calamidades, só olham para o seu umbigo, como se o mundo estivesse dentro do perímetro das suas barrigas, é sempre bom lembrar que os bombeiros, porque são feitos de carne e ossos como cada um de nós, também têm vida própria, sentimentos, virtudes e defeitos, limitações e fragilidades como qualquer ser humano, pelo que, também eles:
- Como ninguém, sofrem com o calor, com o frio e as adversidades desta vida;
- Têm pais, mães e têm filhos que adoram e os adoram e sofrem com as suas ausências com o medo de que lhe “aconteça alguma coisa de grave”, têm, colegas, vizinhos e amigos que, conscientes dos perigos que correm se preocupam com eles, têm esposas e maridos que, vezes sem conta se vêm privados da sua presença, do seu carinho e do seu amor e durante as horas intermináveis das suas ausências vivem com indizível ansiedade a tortura da incerteza do seu feliz regresso a casa;
- Sempre que solicitados, prontamente dão tudo a troco de nada, preocupados apenas em fazer o bem sem saber a quem;
- Não escolhem a hora, o perigo nem a dimensão das calamidades para onde são chamados a intervir, onde muitas vezes entregues a si próprio, têm de tomar decisões no instante que lhes resta, das quais depende a vida ou a morte das pessoas que neles confiam;
- Sem o requinte das alcatifas nas veredas inóspitas das montanhas, sem o conforto do ar condicionado e das bebidas geladas dos mini bares dos gabinetes da capital, apesar dos parcos meios que têm e dos equipamentos ultrapassados de que se servem, sempre que são chamados para a frente de combate nunca se negam e nunca viram a cara à luta, o mínimo que para eles se exige é COMPREENSÃO, RESPEITO E GRATIDÃO.

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