A opinião de ...

Maternidades e Serviços de Obstetrícia do Serviço Nacional de Saúde ligados ao ventilador

Depois de, na semana passada, ter passado para o público a informação da situação dramática que se vive num número demasiadamente grande dos serviços de obstetrícia e maternidades do Serviço Nacional de Saúde, é urgente que, finalmente, as autoridades competentes assumam as suas responsabilidades, se consciencializem da magnitude desta crise e, para a solucionar, decidam agir em conformidade.
O abismo para onde empurraram, ou permitiram que caísse o Serviço Nacional de Saúde, catastrofismos à parte, é de tal forma grave, que já não se compadece com a teimosia criminosa das autoridades responsáveis que, em vez de adotarem as medidas estruturantes que a gravidade da situação exige, continuam a esconder-se atrás da sua política desastrosa de disfarçar as suas responsabilidades com paliativos inócuos ou operações de cosmética à base de água destilada que, se não faz bem, pelo menos, também não faz mal.
Criticar é fácil? Talvez, mas não basta.
Fazer alguma coisa válida é difícil? É tão difícil, como é possível e urgente.
A situação ainda é revertível? Com coragem , vontade e competência tudo é possível, mas não é com o simulacro de plano de contingência feito à pressa como o que acaba de ser revelado pela Dr.ª Marta Temido que, talvez por um vício de profissão, em vez de se assumir como ministra da saúde, mais parecia uma advogada estagiária defensora oficiosa duma pequena querela entre vizinhos, incapaz de concretizar como será e de elencar os meios necessários para o implementar, nem sequer tendo conseguido disfarçar que tudo aquilo se resumia, não uma, mas a duas mãos cheias de nada.
Só que, porque em tudo o que, direta ou indiretamente diz respeito à saúde e à vida das pessoas, há direitos e obrigações que têm de ser rigorosamente respeitado, muito especialmente no que diz respeito à gravidez, à maternidade e à natalidade, para não por em risco a segurança, a saúde e o bem estar das parturientes e das crianças, há linhas vermelhas que, pelos consequências desastrosas e males irreparáveis que podem causar, têm de ser rigorosamente respeitadas por todos e os eventuais responsáveis pelo seu incumprimento, seja por ação ou omissão e, nos termos da legislação aplicável, têm de ser indiciados como presumíveis responsáveis pelo crime de homicídio tentado ou consumado sobre vítimas inocentes e indefesas, arcando, enquanto tais, com todas as responsabilidades e consequências dos seus atos.
Porque demorar a assistência às grávidas, obrigando-as, já em trabalhos de parto, a peregrinar quilómetros sem fim e horas sem conta entre os serviços de urgência e as maternidades até encontrar um espaço digno e seguro onde possam dar à luz os seus filhos, não fazer tudo para evitar que nasçam e morram crianças em corredores dos hospitais ou em ambulâncias paradas à beira das estradas também é crime, este assunto vai dar pano para mangas pelo que, enquanto tal, é preciso fazer tudo para não o deixar cair no esquecimento.

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