A opinião de ...

Orçamento de estado para 2025: Do tudo ou nada, à banalidade de um não assunto!

Contrariando o vício atávico de os portugueses deixarem o que é importante para a última hora, o atual governo da AD, numa louvável atitude de grande sentido de estado, resolveu iniciar atempadamente a preparação do Orçamento de Estado para 2025, convocando todos os partidos com assento parlamentar para uma reunião exploratória antes da suspensão dos trabalhos da atual legislatura, a primeira de muitas outras que, segundo prometeu, irão realizar-se a partir de meados de setembro.

Talvez em maior número e mais depressa do que seria de esperar, as consequências e as reações a esta convocatória não se fizeram esperar e, ao tirar a oposição do seu lugar de conforto, deixou-a sem grande margem de manobra, obrigou-a a definir-se e assumir suas responsabilidades na hipotética reprovação do orçamento do estado.

Não menos importante do que isso, o governo foi ao encontro da vontade da grande maioria do povo, massacrado e desiludido por tantas eleições em tão pouco tempo, que se está marimbando para as dicas e as tricas dos políticos, desejando e exigindo tão só, que na complexa situação geopolítica do mundo e do país, seja garantida a estabilidade política, económica e social, reduzindo assim a um mero “não assunto” o falso drama da reprovação do orçamento do governo para 2025 que, livre de fantasias, de sonhos quixotescos e de tiques de novos ricos, acima de tudo, deve preocupar-se com a satisfação das necessidades dos mais desfavorecidos e, em conformidade com as possibilidades do país, possa contribuir para a melhoria das condições de vida de todos, em áreas vitais como a saúde, a educação, a habitação, os transportes e o custo de vida.

Num cenário nada brilhante como este dum governo minoritário, cujos atores principais, ainda que ninguém tenha a honestidade de o reconhecer e a coragem de o afirmar, são uma oposição desacreditada e vítima das suas próprias contradições internas, que se desintegrou e ruiu como um castelo de cartas, um povo cada vez mais desiludido com o desempenho das elites políticas e um governo em alta que, não obstante o pouco tempo de governo e em condições nada fáceis, já deu indicações seguras de que, se o deixarem executar até ao fim o mandato que lhe foi confiado pelos eleitores no passado mês de março, tem condições para cumprir cabalmente o programa com que então se apresentou a eleições.

Basta para tanto, que governantes e governados, tenham a inteligência, a coragem e a honestidade para analisar com serenidade a situação em que o país se encontra e depois, corajosamente, agirem em conformidade.

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