A opinião de ...

2022: um dois, Esquerda, Direita

O Ano Novo, o ano de 2022, começou. Aprendemos a desejar-nos mutuamente «saudável, próspero e feliz Ano Novo» como expressão da nossa vontade de querermos viver em comunidade e reciprocidade. Nos anos sem pandemia até esquecemos a palavra saudável. A pandemia teve o mérito de nos lembrar que a saúde é o maior bem que podemos desejar-nos mutuamente.
Mas o ano de 2022 não vai resumir-se à pandemia de SARS-Cov-2. Tudo vai continuar como em 2021 excepto provavelmente o Governo de Portugal, com grande probabilidade de mudar porque a mudança é o natural na sociedade como o é na natureza. A natureza muda e não se cansa. Muda, renova-se e transforma-se mas os humanos mudam, experimentam e cansam-se. Depressa. Por vezes, até, demasiado depressa: alguns até no dia seguinte à escolha do Governo e do cônjuge. Ao contrário da natureza, os humanos são imprevisíveis: não existe uma lei universal que possa prever o seu comportamento. Este varia com os temperamentos, com o sol, com a chuva, com o vento e, sobretudo, com os locutores das televisões. Se Rui Rio conseguir derrotar os locutores das televisões será um herói. Em Portugal, tal é muito raro mas acontece por cansaço dos eleitores até contra as televisões e os jornais.
Uma coisa parece poder-se concluir da vitória de Carlos Moedas em Lisboa: os portugueses decidem e já não falam. Já sabem usar a única arma que têm em democracia podendo não falar. Até há poucos anos, falavam, expunham-se, digladiavam-se, martirizavam-se. Agora, utilizam a moca silenciosa do voto. Por isso, o voto, em 2022, será justiceiro e «moqueiro» à maneira de Fafe e de Rio Maior.
Não há só votos de eleições em 2022. Há a economia real, que vai muito mal em Portugal e a terminação «al» rima muito mal em Portugal. Por isso não será indiferente se os portugueses elegerem Costa ou Rio. Se elegerem Costa, continuará o discurso da melhoria das condições económicas e sociais dos pobres, das classes trabalhadoras e dos aposentados que auferem uma pensão inferior a 1.000 euros mensais, tão caro ao Partido Comunista e ao Bloco de Esquerda. Se elegerem Rui Rio, o discurso tenderá a enfatizar a produtividade e a modernização do sistema económico para se poder apoiar melhor os mesmos pobres, trabalhadores e aposentados e para o país ter umas finanças mais sustentáveis. O socialismo de Rio e de Costa é o mesmo. Só que, com Costa, é direto, sem cuidar da economia do país e, até, desbaratando-a como com a TAP e o Novo Banco. Com Rio, é indireto, procurando-se a sustentabilidade do país, no futuro.
O problema para Rio é vencer a inércia da pobreza e dos pobres. Em Portugal, há seis milhões de pessoas que, por se dizerem (ou serem) pobres, tendem a colar-se à Esquerda, exigindo erradamente um discurso e uma governação de Esquerda. Por isso, um discurso ao Centro e à Direita Democrática ainda não colhe muitos votos em Portugal. O ano de 2022 resolverá o dilema.
Saudável, próspero e feliz 2022.

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