A opinião de ...

As próximas eleições

Toda a gente sabe que as próximas eleições são eleições antecipadas, provocadas pela dissolução do Parlamento, na sequência do chumbo do orçamento proposto pelo Governo para 2022.
Hoje, dia 23 de janeiro de 2022, às dezanove horas, as urnas de voto do Continente fecharam, enquanto as dos Açores, como habitualmente, continuam abertas por mais uma hora. Como também é sabido por todos, os votos são daqueles que se inscreveram para exercerem hoje o seu direito de cidadania. Isto parece-me reportar que, além de outros motivos que os levaram a pronunciar-se hoje, decerto se acharam esclarecidos quanto à sua intenção de voto.
Não sei nem me interessa saber agora se houve grande afluência às urnas e quais as percentagens das intenções dos votos exercidos, se bem que não deixe de supor e acreditar na normalidade com que decorreu a ação.
Quero fixar-me apenas na condução política que tem vindo a ser adotada pelos partidos concorrentes às eleições para que, neste exercício, tenham sido lidos e esclarecidos, (ou possa vir ainda a acontecer), os principais objetivos dos respetivos programas, assim como a forma de virem a ser cumpridos. Espero bem que sim, porque, como muitas vezes têm afirmado vários responsáveis, de forma alguma deve ser passado um cheque em branco. (Não tenho qualquer dúvida de que toda a gente sabe o que é passar um cheque em branco, pelas consequências que podem advir desse gesto).
Posto isto, obrigo-me a deixar aqui registado que, por muito que tenha prestado atenção a alguns comícios, entrevistas e debates, pareceu-me que, nalguns casos, consideradas as ideias propostas, achei inconformidade pela maneira como são apresentadas: em voz tão alta que não deixa de perturbar as pessoas mais sensíveis – também elas com direito a ouvir, analisar e interiorizar o que é dito; com interrupções ao discurso de quem está a falar, confundindo-o, assim, na sua linha de pensamento e impedindo-o de que, por tal motivo, conclua o seu raciocínio; trazer à discussão atitudes e ações que alguns opositores tiveram e decidiram, em contextos diferentes dos de agora; ausência de como seria dada resposta a essas atitudes e decisões; quando se pede insistentemente para votar no seu próprio partido, de modo a evitar que outro qualquer venha a conseguir a maioria absoluta, e, na hipótese de vencer as eleições, seja obrigado a negociar com a oposição...
Tudo isto, naturalmente, deixa muito para trás a devida apresentação dos respetivos programas, bem como as linhas principais que lhes servirão de traves mestras.
Na campanha que decorre, ainda não me sinto convenientemente esclarecido sobre os objetivos de cada um dos partidos. Mas não me vou queixar muito, já que disponho ainda de mais uma semana para poder esclarecer-me.
Nesta perspetiva, poderei, então, sentir-me bem, na altura de votar.
E depois de ter cumprido o meu dever e beneficiar deste meu inalienável direito, poderei ficar descansado, à espera da governação de quem assumir o leme da barca tão cheia de promessas, que irão aliviar e tornar mais cómoda a vida do vulgar cidadão.
Tal e qual como disponibilizar a toda a gente os meios adequados para erradicar a pobreza, proporcionando um emprego que dê para se alimentar, ter um teto digno em que se abrigue,
possa recorrer aos, eventualmente muito melhorados, serviços de saúde, possa ter o direito à igualdade da justiça, enfim, beneficiar, mesmo sobriamente, de quanto poderá contribuir para a fazer feliz.
Finalmente, que se revista de saber para poder exercer a tão desejada e contida autoridade democrática, no sentido de uma melhor distribuição da riqueza deste país.

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