Capela de Nossa Senhora da Conceição, Carocedo. Imaculada Concepção “Tutelaris Regni”!
Carocedo é uma pequena aldeia situada 20km a Sul de Bragança, em “campo plano na rais de hum cabeco”. Pertence à União das Freguesias de Parada e Faílde, juntamente com a aldeia de Paredes. Foi freguesia ligada (termo misto), histórica e geograficamente, ao concelho de Faílde desde meados do século XIII até 1839, existindo pelourinho arcaizante nesta aldeia. Altura em que passou da Comarca de Miranda para a de Bragança e integrou a freguesia de Faílde até à recente reforma administrativa de 2013. Carocedo foi Couto, povoado circunscrito de pertença eclesiástica. Mas não imune a litígios. Em 1221 regista-se a disputa de herdamentos entre o Mosteiro do Castro de Avelãs e a Coroa, com iguais pretensões por parte do Arcebispado de Braga, que herdaria a tutela da vila/concelho de Faílde/Carocedo por determinação do rei D. Duarte (1433-1438). Com a criação da Diocese de Miranda, em 1545, as disputas recomeçaram, com D. João III a sentenciar a favor da Coroa a pertença dos povoados. Quanto à Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Assunção transitou de Braga para Miranda. Quando o Bispo Diocesano D. Julião d’Alva (1560-1564) instituiu em Bragança o Colégio de S. Pedro, tutelado pelos Jesuítas, a igreja de Carocedo foi uma das que passou a contribuir com as terças para o manter. A atual Capela de Nossa Senhora da Conceição está implantada num rochoso e simbólico cabeço de ponto de cota de 881 metros, a Sul do povoado. Elevação onde terá existido primitivo aglomerado castrejo “proto-histórico, posteriormente romanizado” (F.S. Lemos, 1993). Até finais do decénio de 1760, ali se implantava a Igreja da Paróquia de Carocedo, então dedicada a Nossa Senhora da Assunção. A imagem era tida por “muyto milagrosa, que apareceu no concavo de huma fraga (…). Saram muytos infermos, e cobram Saude, outros a cobram lambendo os poses no mesmo comcavo” (Memórias Paroquiais de 1758). A orientação era diferente da actual, com o altar-mor voltado a Nascente e a existência de dois altares colaterais dedicados a Nossa Senhora da Conceição, no lado do evangelho, e a Cristo Crucificado, no da epístola. Existia Irmandade em honra da padroeira; Carlos Prada (Catálogo Documental de Confrarias e Irmandades, 2015), refere a Confraria da Senhora da Assunção 1761-1801. A partir de 1767 edificou-se nova igreja matriz no centro do povoado, mantendo-se a consagração a Nossa Senhora da Assunção e os dois altares referidos. Desde o século XX, o altar-mor tem três Nossas Senhoras – Da Assunção, ao centro, Da Imaculada Conceição e Das Mercês – com os altares colaterais dedicados ao Sagrado Coração de Jesus e a Nossa Senhora de Fátima. No cabeço seria construída uma pequena Capela dedicada a Nossa Senhora da Imaculada Conceição, preservando-se assim o registo espiritual do local. Configurada no sentido Sul-Norte, é de linhas direitas, com portal de dupla arquivolta a rematar colunelos, adossados a pilares, com vegetalismos a decorar os capitéis. Encimado por pequeno campanário e cruz. O interior é digno e sóbrio, de paredes pintadas de branco e teto em madeira em forma de berço. Cinge-se ao bonito altar da Imaculada. A mesa é paralelepipédica em mármore e o retábulo, com predomínio laranja e decoração dourada, é de eixo único. A Virgem, de alva rosa e manto azul com estrelas, assente em peanha com anjos, expõe-se em nicho moldurado de arco canopial, coroado por cartela vegetalista. As ‘abas’ laterais do retábulo centram colunas lisas a azul marmoreado, com decoração dourada no fuste e ‘canelada’ nas extremidades, com capitéis sob cornija de representatividade compósita. Adossado à parede existe sacrário policromado retangular com cúpula piramidal, de porta moldurada e vegetalista. Sítio dominante onde se vislumbra a imensidão orográfica característica da região concelhia!