Igreja de São Ciríaco, Sanceriz. Diácono e Mártir, Orago único concelhio!
A aldeia de Sanceriz pertence à freguesia de Macedo do Mato, juntamente com Frieira, situada no extremo-sul do concelho, a 38km de Bragança. Povoado muito antigo, inserido na comarca de Lampaças/arquidiocese de Braga, «Vilar de Senceriz» foi distinguida com Carta de Foral no reinado de D. Dinis, a 24 de junho de 1285. Com pelourinho e casa da câmara, os residentes designados com foro de privilégios estavam isentos de pagamento de portagem em Bragança, tinham a possibilidade de escolher juízes próprios e reger a povoação. Quanto ao padroado ficava na posse real, com entrega de todas as dízimas e direitos eclesiásticos. Contudo, em 1319 D. Dinis concedeu ao Mosteiro de Castro de Avelãs o padroado de Sanceriz, onde o Mosteiro de Santa Maria do Bouro/Amares (Braga) também teve usufruto. E em 1323 fez aforamento da vila a Afonso Sopico, fidalgo da Casa Real. O pelourinho, implantado no centro da localidade e reconstituído em 1930, data desse tempo: em granito, com soco quadrangular assente numa base de xisto em três degraus, coluna tronco-piramidal de fuste liso e capitel tronco-cónico. A partir de 1545, com a criação da Diocese de Miranda, a paróquia passa a depender do cabido. Unida à vila e concelho de Frieira, é ‘desmembrada’ em 1652.
Sanceriz tinha como templos católicos a Igreja matriz de origem medieval dedicada a São Ciríaco, implantada fora do povoado, e a Capela de Santo Ildefonso, no centro do povo, votando esta, em certa medida, aquela ao abandono. Em 1731, decide-se a reedificação da Igreja de São Ciríaco no meio da vila, unindo-se à capela de Santo Ildefonso, mediante aproveitamento desta para capela-mor. Em 1758, referiam as «Memórias Paroquiais» que tinha, como atualmente, o altar-mor e dois altares laterais na nave, embora com diferentes dedicações. No altar-mor, de três eixos, constava o Santíssimo Sacramento, ladeado pelas imagens de Santo Ildefonso, Orago da Capela, e de São Ciríaco, Orago da Igreja. Hoje São Ciríaco figura no trono expositivo, ladeado por Santo Ildefonso e São Sebastião. Os altares da nave, de eixo único, eram dedicados, no lado do evangelho, a São Pedro de Alcântara, frei franciscano do século XVI, e a Nossa Senhora do Rosário, ladeada pelas imagens de São Sebastião e do Apóstolo São Bartolomeu, este com confraria de 250 Irmãos. No presente, São Bartolomeu substitui São Pedro de Alcântara no altar do evangelho e a imagem de São Sebastião, conforme referido, transitou para o altar-mor. Sanceriz, entre 1836 e 1855, pertence ao concelho de Izeda, transitando para o de Bragança com a extinção daquele.
A Igreja expõe fachada principal bem elaborada, definida por delineados cunhais toscanos. O corpo inferior tem portal de verga reta, encimado por frontão triangular alteado, de nicho no tímpano, ladeado por pináculos piramidais com bola e encimado por dois óculos circulares. O nicho assenta em mísula decorada, tem moldura apainelada de volta perfeita e cúpula concheada, expondo a imagem do Orago. O campanário, de dupla sineira com vãos em arco de volta perfeita, assentes em pilastras molduradas e volutadas, é sobrepujado por um terceiro vão mais pequeno, desprovido de sino, ladeado por pináculos, com relógio no frontal e coroado por cruz latina. O interior da Igreja tem púlpito policromado e balaustrado assente em plataforma escalonada sobre mísula, e os três altares. Os da nave, policromados e confrontantes, encostados ao arco triunfal, diferem entre o barroco tardio do de São Bartolomeu, incrustado em arcossólio, e o rocaille de Nossa Senhora do Rosário, adossado à parede, ambos com mesa em forma de urna. O altar-mor, de mesa paralelepipédica e talha dourada de estilo rocaille, tem os três eixos definidos por seis colunas de fuste espiralado e canelado. O teto, que acompanha a moldura do ático, é em madeira em forma de masseira seccionada por painéis.
Diaconus Cyriaci: Docendi, Regendi, Sanctificandi!