Bragança

Cruz Vermelha traz nova vida às aldeias do concelho

Publicado por António G. Rodrigues em Qui, 2024-06-06 18:12

A Cruz Vermelha de Bragança está a desenvolver um projeto no meio rural do concelho de Bragança, que pretende tarzer nova vida às aldeias.

Na sexta-feira, a aldeia de Castrelos, da Uniã das Freguesias de Castelos, Concelas, Alimonde e Carrazedo recebeu a visita dos técnicos da delegação de Bragança para uma tarde de atividades culturais, que passaram por teatro, canto e dança.

“Reunimo-nos com as estagiárias do último ano de educação social, para fazer um espetáculo que envolveu teatro, dança, canto, e algumas coisas mais antigas da aldeia. Estamos nestes preparativos há um mês e tal, com as senhoras mais idosas. Demorou-nos muito a preparar esta atividade. Apresentamo-la para criar convívio, mais alegria e, também, trazer gente nova para fazerem as atividades connosco”, explicou Tânia Ramalho, educadora social na Cruz Vermelha.

A atividade reuniu seis participantes e meia centena de espetadores.

“O nosso objetivo é promover o envelhecimento ativo e combater a solidão. Sabemos que as aldeias estão cada vez mais desertas, com idosos sozinhos. O nosso objetivo é conseguir criar encontros, nem que seja uma vez por semana, nem que seja para conversarmos, e eles deixarem a solidão e a depressão de lado e criar laços, para terem convívios, amigos mais jovens e conseguirmos partilhar experiências.

Participam bem. Temos um grupinho bom. Nem toda a gente quis participar mas juntámos um grupinho bom. Em Conlelas também conseguimos juntar outro grupo.
Muitas vezes, são eles a pedir-nos para fazer atividades”, frisou.

Maria Gonçalves e Maria Monteiro são estagiárias do Instituto Politécnico de Bragança e desenvolveram esta atividade. “A minha parte foi ‘conto e tradições da aldeia’, para promover a intergeracionalidade dos jovens e dos habitantes da aldeia”, reforçou Maria Gonçalves. Já Maria Monteiro promoveu a parte da dança e da música.

Entre os participantes, reinou a boa disposição. “Gostei muito. Tiveram tanto trabalho connosco, vieram mais dias do que estava previsto, para que tudo corresse bem, são carinhosas. Deus queira que não nos tirem daqui a Cruz Vermelha, porque nos dá muito jeito para tudo. Estamos um bocado isolados, a família está fora, e esta horinha em que vêm aqui, às quartas-feiras, para nós é uma alegria.

Quando eles vêm já trabalhámos nos computadores, em desenhos, noutras atividades. É uma diversão”, contou Maria de Lurdes Rodrigues, de 71 anos.

“Estamos sempre mortas que passe a semana para chegar a quarta-feira. Também vem a senhora enfermeira, para ver os valores do colesterol, diabetes, tensão. Para nós é muito bom”, frisou.

Esta parceria foi apadrinhada pela Junta de Freguesia. “Este projeto tem trazido muita animação e convívio entre as pessoas mais idosas e ajuda a combater o isolamento, que é o nosso objetivo”, sublinhou Manuel Veiga, o presidente da junta.

“Desde o momento em que entrei para a Junta, um dos objetivos foi termos alguma coisa para os idosos. Fizemos um protocolo com as Cruz Vermelha, vem a enfermagem de 15 em 15 dias, medem a tensão, os diabetes, e todas as semanas têm atividades para se divertirem e conviverem um bocadinho. São meia dúzia de idosos e, se não tiverem alguma coisa que os motive a sair de casa, passam o inverno todo em casa e ninguém fala com ninguém”, explica.

Cada uma das quatro aldeias da União das Freguesias tem, em média, “cerca de 50 habitantes em permanência, ao longo do ano”, concluiu.

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