Nordeste Transmontano

Feira Hispano-lusa da música quer rasgar as fronteiras

Publicado por António G. Rodrigues em Qui, 2022-02-24 10:12

A segunda edição da Feira Hispano-Lusa da Indústria da Música espera ultrapassar a barreira da fronteira e potenciar negócios dos dois lados da fronteira.
"Esta é uma feira profissional, que pretende gerar negócio mas, também, criar aqui um ecossistema peninsular", explicou Pedro Cepeda, representante da organização do lado português, durante a apresentação do evento, que decorre em Zamora de 24 a 27 de fevereiro.

"Temos de procurar uma interação cada vez maior e um equilíbrio entre eventos. Esta feira pode vir a ter atividades dos dois lados da fronteira", frisou José Luís Prada, Secretário Geral da Fundação Rei D. Afonso Henriques, cuja sede acolheu a apresentação do evento, que se realiza no parque de exposições de Zamora e em vários outros locais da cidade espanhola.

Portugal estará representado com promotores dos mais conhecidos festivais nacionais como a Música no Coração, a Omnichord Records de Leiria, o Quintanilha Rock de Bragança, e os artistas Emmy Curl, Francisco Sales, Surma, Cabrita, daguida, Luiz Caracol, Caio, Rogério Charraz, Miguel Gizzas e a jovem banda de Bragança Whales Don´t Fly.

Para os quatro dias do evento, portugueses e espanhóis têm programados 50 concertos e 'showcases', 20 conferências e apresentações, além de 150 'stands' no recinto da feira, que tem seis mil metros quadrados, para a qual estão acreditados dois mil profissionais, oriundos de Portugal e Espanha e também de países da América Latina.
Ruben Iglésias, da organização, reconhece que há um "grande desconhecimento" dos dois lados da fronteira para aquilo que se produz, apesar da proximidade. Uma realidade que gostaria de ver mudada.

na verdade é muito mais fácil, a partir de Zamora, contratar uma empresa que está mais próxima, em Bragança, em Portugal, que contratar empresas ou músicos que estão a 500 quilómetros, em Madrid, Sevilha, Bilbau, Barcelona”, afirmou.

Os promotores da feira acreditam que esta “tem de ser uma maneira de romper a fronteira, que em muitas outras coisas já se ultrapassou, mas que no mundo da música é complicado”.

Para Pedro Cepeda, que também integra a organização do festival Quintanilha Rock “esta feira acontece num período ótimo para abrir portas num mercado enormíssimo como o espanhol”.

“As bandas portuguesas têm o foco em atuar em Lisboa e no Porto. Então temos um mercado aqui ao lado, infinitamente maior, com outra cultura da música ao vivo”, destacou, vincando que em Espanha “respira-se música, há música aos fins de semana, há uma associação de músicos que tem 300 pessoas a trabalhar, vive-se um ecossistema cultural diferente da maior parte das cidades de Portugal”.

“Os agentes portugueses têm é que aproveitar estas oportunidades de abrir portas de um mercado que não é à partida muito fácil se não for através deste tipo de iniciativas, onde se conseguem contactos, se fala com os promotores”, alertou.

Realçou ainda que as oportunidades de negócio não são só acerca da programação cultural, pois nesta feira estão representados desde os músicos à parte técnica, nomeadamente palco, luzes, som.

Esta pode ser "uma economia transfronteiriça", até porque já há partilha de negócios. "Por exemplo, os WC que usamos no Quintanilha Rock, em Bragança, vêm de uma empresa de Zamora mas são construídos por uma empresa de Bragança".

Esta será a segunda edição do certame, que no ano passado aconteceu "em pleno pico da pandemia", como frisou Álvaro Blanco, diretor da Feira.
"Tivemos 1600 pessoas acreditadas mas este ano esperamos muitas mais. Também haverá a possibilidade de o público entrar, mediante aquisição de bilhete, sendo que, no último dia, a entrada será gratuita", explicou.

Pedro Cepeda considera que também era importante que as pessoas de Bragança se deslocassem a Zamora para esta feira, como já o fazem para ir às compras, assim como os espanhóis costumam visitar Bragança, sobretudo ao fim de semana.

Ficou, ainda, aberta a porta a que a colaboração se estenda a Bragança numa edição futura.

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