Política

Jóni Ledo desfiliou-se do Bloco de Esquerda por não encontrar resposta para vários problemas do Interior

Publicado por Glória Lopes em Ter, 2024-01-09 10:48

Entre as razões apresentadas para a sua saída do Bloco refere a falta de respostas. “Não encontro neste momento essas respostas no Bloco de Esquerda e para mim. As liberdades individuais, a saúde mental, o combate à pobreza e o Interior do país. Não considero que neste momento essas respostas estejam a ser atendidas, e por isso, e pela situação que o país enfrenta que exige respostas claras e uma luta vincada a uma extrema-direita que trepa nestes territórios, que comuniquei hoje aos órgãos do Bloco de Esquerda a minha decisão de desfiliação do Partido”, explicou o ex-militante do BE.
Em declarações ao Mensageiro Jóni Ledo diz que, para já, vai refletir sobre o futuro e estar atento ao que se passa a nível social e político no distrito. "Não está nos meus planos integrar outro partido, mas eu tenho o bichinho pela participação social e política e por isso não ser estar fora da política. Vou andar por aí e abraçar as causas que me façam sentido. Sobre a decisão de voto nas próximas eleições terei dois meses como qualquer cidadão para refletir ", explicou.
Vincando que esta “é, com certeza, uma das decisões mais difíceis” da sua vida. “Sou militante do Bloco de Esquerda desde os 18 anos, fui candidato pela primeira vez à Assembleia Municipal de Vila Flor ainda com essa idade e eleito com 19, cargo que exerci até 2021. Desde 2009 até 2022 fui dirigente distrital e nos últimos desses 4 anos, porta-voz da Comissão Coordenadora Distrital. Entre 2021 e 2023 fui dirigente Nacional, fazendo parte da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda. Falo só de responsabilidades que tive enquanto militante. Muita coisa mudou no país e no mundo, mas não mudou nada de significativo nas minhas convicções. Continuo a acreditar no Estado Social como o principal pilar da democracia, na escola pública, no SNS. Durante os últimos meses tive períodos de grande ponderação, pois não se quebra um vínculo de 15 anos de ânimo leve, mas as decisões mais importantes da nossa vida acabam por custar sempre e nem por isso são menos significativas.” explicou.
No entender de Jóni Ledo o mundo e o país “mudaram bastante” pelo que defende “que as respostas da Esquerda devem ser focadas no que acredito que seja a sua verdadeira essência, a condição de vida das pessoas, a melhoria das condições de trabalho, mas também a responsabilidade em toda e cada decisão. Bem sei que, dentro do Bloco sempre fui considerado um moderado e fora do Bloco um radical, mas o que me define são os meus valores e esses são imutáveis”.
Na mesma nota, refere que acredita que para problemas diferentes as respostas têm de ser diferentes “e o caso do Interior do país, nesta medida, é flagrante e é onde se prende a minha principal razão. É certo que são necessários mais serviços públicos de qualidade e de proximidade, fim das portagens, aumento dos transportes públicos. Mas a principal necessidade é prender talentos, evitar a saída de pessoas a cada dia que passa e isso só se consegue com atração de investimento, com criação de valor acrescentado, com diversificação da oferta de trabalho, com formação adequada a quem tão bem produz nesta região do país”, salienta.
“Não saio com nenhum rancor, antes pelo contrário, sempre me deram tudo e eu sempre retribui com tudo que tinha, por vezes concordando e outras discordando, mas é assim que se faz a democracia. Acredito na liberdade de opinião e em poder dá-la sem entraves e sem limitações, e embora não ache que alguma vez ela me fosse toldada, neste momento, considero que é a escolha certa a fazer”, acrescentou Jóni Ledo prometendo continuar “a travar as lutas que considero justas e a lutar por uma sociedade mais equitativa e menos desigualdade social, mas noutro papel e noutro âmbito”.

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