Mirandela

Junta de Vale de Telhas entregou vinho de lagares rupestres ao Presidente da República

Publicado por Fernando Pires em Ter, 2023-04-11 17:19

A Junta de Freguesia de Vale de Telhas, no concelho de Mirandela, aproveitou a passagem do Presidente da República por Murça, esta segunda-feira, para oferecer a Marcelo Rebelo de Sousa duas garrafas do primeiro vinho de lagar rupestre produzido por dezenas de habitantes daquela aldeia, numa lagarada comunitária que aconteceu, em Setembro de 2022.

No passado sábado, em que se assinalou a tradição de “Serrar a Belha”, a junta fez o lançamento oficial do vinho que agora fez questão de oferecer, em mãos, ao Chefe de Estado. "Já tinha ouvido falar, disseram que é ótimo", afirmou.

Sónia Mota, em representação do executivo da junta de Vale de Telhas, lançou mesmo o convite a Marcelo para marcar presença no “Serrar a Belha” de 2024. “Tínhamos a intenção de pedir uma audiência para entregar a primeira garrafa ao senhor presidente, mas como está cá vimos entregar em mão e aproveitamos para o convidar”.

Em resposta, o Chefe de Estado não se comprometeu, mas deixou uma esperança. “No próximo ano, talvez, se estiver vivo, porque para beber é preciso estar vivo”, disse.

Para já o Presidente da República vai saborear o primeiro vinho de lagar rupestre produzido no concelho de Mirandela.

JUNTA APOSTA EM REAVIVAR TÉCNICA MILENAR

Em Setembro de 2022, a população de Vale de Telhas produziu cerca de mil litros do “Pinetum”, após a vindima que envolveu dezenas de habitantes daquela aldeia e posteriormente realizada a tradicional lagarada, com técnicas e instrumentos utilizados há 2 mil anos, num dos três lagares rupestres escavados na rocha granítica que ainda existem naquela freguesia. “Já se registou a marca para o vinho que será comercializado e divulgado com a marca PINETUM, associado ao facto de o nome de Vale de Telhas, no tempo dos romanos, ter sido Pineto”, conta Sónia Mota, do executivo da junta.

“Já temos 500 garrafas de tinto, outras 500 de rosé e mais 500 de vinho branco”, acrescenta.

Os vinhos foram feitos de bica aberta, sem fermentação do vinho com o bagaço, a fermentação é feita nos pipos de carvalho, estes vinhos são feitos sem qualquer adição de produtos enológicos, apenas se acompanha a fermentação até final e depois adiciona-se um pouco de sulfuroso para controlar a acidez.

Sónia Mota explica que a intenção da junta de freguesia em recuperar o lagar rupestre público tem em vista “a promoção e preservação da herança patrimonial e cultural da aldeia, reavivando uma técnica milenar de produção de vinho em lagares rupestres” e acredita que “pode servir para a afirmação de Vale de Telhas como uma referência no setor do vinho”.

Os resultados desta aposta já começam a fazer-se sentir, porque há boas perspetivas de que a produção venha a ser escoada para o continente americano. “No Serrar a Belha, tivemos um americano que nos visitou e, em princípio, vai levar toda a colheita para a América”, revela.

Os lagares escavados na rocha estão entre os vestígios mais antigos associados ao cultivo da vinha no Douro e em Trás-os-Montes, e há investigadores que acreditam que, neste território, a produção de vinho pode remontar à época pré-histórica.

Foram, no entanto, os romanos que incrementaram o gosto pelo consumo do vinho.

 

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