Nordeste Transmontano

Mudança de procedimento no transporte inter-hospitalar pode comprometer socorro no distrito de Bragança

Publicado por Fernando Pires em Seg, 2024-07-15 10:35

Desde a semana passada, apenas as duas ambulâncias SIV (Suporte Imediato de Vida) do INEM – sediadas em Mirandela e Mogadouro - afetas à área de abrangência da Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULSNE), estão autorizadas a realizar o transporte inter-hospitalar de doentes urgentes, deixando este serviço de poder ser feito pelas ambulâncias das corporações de bombeiros.

Este novo procedimento faz parte de uma norma interna assinada da administração da ULSNE, a que tivemos acesso.

Apesar de ser “uma forma importante para fomentar o know-how, nomeadamente dos enfermeiros que frequentam estas ambulâncias, por outro lado é bastante preocupante uma vez que vai descurar aquela que é a resposta primária nos cuidados de emergência medica”, afirma o Presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, quando confrontado com esta medida.

Na prática, segundo Rui Lázaro, estas ambulâncias SIV, deixam de estar totalmente disponíveis para os cuidados primários de emergência médica da população do distrito de Bragança. “Enquanto a SIV estiver ocupada a fazer este tipo de transporte, que podia ser garantido de outra forma, como por exemplo, numa ambulância dos parceiros com uma equipa médica hospitalar da unidade de saúde a quem lhe era devido, em vez de ficar ocupada durante horas e não vai estar disponível para fazer serviços primários a qualquer cidadão que esteja perante uma situação emergente que pode padecer ou ter consequências graves pela demora num atraso ou numa chegada a um hospital que lhe pode prestar os cuidados que necessita”, acrescenta.

No entender, do Presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar trata-se de uma medida “economicista” da administração da Unidade Local de Saúde do Nordeste, que pode colocar em causa, em algumas ocasiões, o socorro a situações urgentes. “Se este transporte for garantido pelo INEM, o hospital não precisa de dispensar nem os recursos financeiros nem os recursos humanos de equipas” (médico e enfermeiro), para fazer estes transportes, quando a responsabilidade desse transporte é, efetivamente, das unidades hospitalares”, refere.

Rui Lázaro estranha esta imposição da ULSNE, até porque, “pelo que é do nosso conhecimento só ainda acontece nesta região a orientação específica que todos os transportes sejam feitos pelo INEM”, garante.

O presidente do Sindicato diz mesmo que o INEM já tem dificuldades em garantir as escalas das ambulâncias que estão muitas vezes encerradas por falta de técnicos de emergência hospitalar, pelo que “se vamos ocupar os pontos que estão disponíveis com transportes hospitalares então ficamos com quem para fazer as ocorrências primárias?”, questiona.
Até ao momento, não foi possível obter esclarecimentos da administração da ULSNE sobre as razões que presidiram à implementação desta medida.

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