PCP acusa Câmara de “intimidação”, mas autarca nega

O Partido Comunista Português acusa a Câmara de Macedo de Cavaleiros de “intimidação” dos munícipes.
Em causa a colocação de contadores de água.
Em comunicado, “a Comissão Concelhia de Macedo de Cavaleiros do PCP alerta a população para a insensibilidade social da Câmara Municipal e denuncia a política de intimidação que o executivo municipal tem vindo a exercer sobre os seus munícipes”.
“Este “novo estilo” de interacção com o povo de Macedo de Cavaleiros tornou-se particularmente notório depois de declarações públicas feitas a 20 de outubro do ano passado, em que o executivo camarário afirmou que em detrimento de criar respostas para eliminar as lixeiras ilegais nas zonas rurais, iria gastar o dinheiro dos contribuintes para adquirir drones que fiscalizariam eventuais infratores, como se tal fosse sequer possível.
Agora assistimos a novas ameaças do município, desta vez afirmando de viva voz que quem não colocar os contadores da água no espaço público sofrerá as consequências.
Para o PCP é inadmissível a forma intimidatória e coerciva como este executivo do PS trata os munícipes do Concelho de Macedo de Cavaleiros”, lê-se.
O PCP considera “igualmente reprovável” a altura escolhida “para fazer tal imposição”. “Num momento em que muitas famílias estão a passar por sérias dificuldades económicas, assistimos a uma exigência claramente incompreensível, uma vez que trará custos significativos para as famílias.
Adicionalmente, segundo o próprio município, estão a ser colocados no terreno contadores inteligentes que acabam com a necessidade da sua contagem no local”, refere a concelhia do PCP.
Os comunistas vão mais longe, dizendo que “em detrimento de responsabilizar os munícipes pelas perdas de água, seria certamente mais eficaz resolver as inúmeras fugas de água que proliferam, como é o recorrente caso na Rua Via Oeste”. “Essa seria uma boa e segura forma de reduzir o desperdício de água, em vez de andar porta à porta à procura de hipotéticos transgressores”.
O PCP alerta que a população do concelho “deve rejeitar esta obrigatoriedade arbitrária de custear a alteração do contador para o espaço público, o que se impõe é questionar onde estão então os famosos ‘contadores inteligentes’”.
A terminar, o PCP acusa a autarquia de que “a retórica vã do executivo camarário e o estilo boçal do vereador do pelouro, servem apenas para que o Partido Socialista tente esconder o facto de não ter um projeto, nem visão estratégica, para o desenvolvimento do concelho de Macedo de Cavaleiros”.
O autarca de Macedo de Cavaleiros, Benjamim Rodrigues, assegurou ao Mensageiro que desconhece o comunicado do PCP, mas explicou que a instalação de contadores de água no exterior das residências se faz porque se tem verificado a existência de desperdícios. “Desde há uns anos temos vindo a recuperar esses desperdícios através de várias medidas, uma delas é a utilização de contadores inteligentes, criação de zonas de controlo para fazer uma gestão mais próxima e cuidada desse desperdício. Queremos os contadores no exterior para permitir que haja um maior controlo porque onde existem mais desperdícios de água é para dentro dos muros das casas”, explicou o autarca.
Para o município esta é uma forma de acautelar os interesses dos consumidores. “Há uns tempos tive uma fuga de água em casa, que não consegui identificar, e depois paguei cerva de mil euros de água, que não consumi. Isto [instalação de contadores no exterior] vai beneficiar pessoas que são obrigadas a pagar o que não consomem. Assim podemos detetar rapidamente, em tempo útil, onde está a fuga. Isto é um benefício para a população e para o ambiente”, acrescentou o autarca.
Sobre a questão do uso de drones, Benjamim Rodrigues disse que “foram utilizados para detetar fugas de água à distância, a grandes alturas, e com muita precisão”, sublinhando que “todas as medidas são para o bem da população, não queremos fiscalizar ninguém e sermos conscienciosos com a sustentabilidade ambiental”.