Mirandela

PSP identifica homem que filmou mulher no WC da loja Continente

Publicado por Fernando Pires em Ter, 2024-06-11 10:14

Um homem, de 48 anos, foi identificado e constituído arguido, no inquérito que corre no Ministério Público (MP) sobre uma queixa apresentada, na PSP de Mirandela, por uma mulher que diz ter sido filmada, através de um telemóvel, quando estava na casa de banho da Loja Continente, adianta uma fonte ligada ao processo.
A queixa da vítima foi apresentada contra desconhecidos, mas a PSP conseguiu identificar o suspeito que a terá filmado em março. Pode estar em causa um crime de devassa da vida privada, punível com pena de prisão até três anos. Trata-se de um crime semipúblico, ou seja, o respetivo procedimento criminal depende da apresentação de queixa, o que foi feito, confirmou a PSP de Mirandela.
Na altura, em resposta à Terra Quente FM, o Modelo Continente referiu que foi “com grande preocupação” que tomou conhecimento “da alegada situação que envolveu uma cliente da loja de Mirandela”. O caso “está sob investigação das entidades competentes”, assegurou o grupo, prometendo “total colaboração”, para garantir a “segurança e privacidade” dos clientes.
De acordo com a Lei, a PSP está impedida de ter acesso às imagens de videovigilância, mas pediu ao Continente a preservação das imagens (não podem ser destruídas, nem ser objeto de sobreposição), que agora o MP pode vir a utilizar no âmbito do processo.
O caso está na fase de inquérito, finda a qual o MP vai proferir despacho de arquivamento, ou de acusação. O prazo máximo para esta decisão pode chegar aos oito meses.
Momentos de pânico
O caso aconteceu no dia 14 de março, ao final da tarde, quando a vítima foi às compras à Loja Continente, mas, antes disso, deslocou-se à casa de banho. “No percurso, fui ultrapassada por um sujeito que me interrompeu a passagem e passou na minha frente no corredor que dá acesso às três casas de banho. O sujeito dirigiu-se à casa de banho do meio, destinada a pessoas com dificuldade de mobilidade, e já isso me chamou à atenção, porque não me pareceu deficiente e também vi que estava a segurar o telemóvel”, descreveu.
Pouco depois, a mulher viveu momentos de pânico. “Entrei na casa de banho, comecei a fazer as minhas necessidades e, de repente, comecei a ver uma sombra debaixo da porta e consegui ver os pés a andar muito devagar”, relata. “Se fosse outra mulher batia na porta e ia embora ou esperava, mas aquela sombra parou, muito lentamente, e tive o instinto de olhar para cima e vi um telemóvel parado como se estivesse a gravar. Não estava a tirar fotos, porque não havia movimento com a mão”, contou.
A primeira reação da mulher foi gritar por socorro. “O tempo que levei a arranjar-me foi suficiente para a pessoa sair dali. Penso que se deve ter refugiado na casa de banho para deficientes, mas quando fui alertar o segurança, ele fugiu”, afirmou.
“Sinto que ele já fez isso mais vezes, porque sabia o que estava a fazer, a delicadeza de como fazia todo o processo. Não terei sido a primeira”, disse a vítima de Mirandela.
A mulher apresentou queixa à PSP, por entender que, se ficasse em silêncio, “isto caía no esquecimento e ele ia fazer mais e seria pior”.
Três anos é o limite da pena de prisão pelo crime de devassa da vida privada, se o autor “captar, fotografar, filmar, registar ou divulgar imagem das pessoas ou de objetos ou espaços íntimos”.
A pena, que também pode ser de multa, chega aos cinco anos de as imagens tiverem sido disseminadas na internet.

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