A opinião de ...

Há lodo no cais

O título desta crónica é a lembrança do extraordinário filme com esse mesmo nome no qual avultava a genial interpretação de Marlon Brando, do realizador Elia Kazan posteriormente delator no célebre processo de «caça às bruxas». Trago a formidável fita à colação porque no Cais do Sodré e imediações magotes de turbas juvenis têm conseguido atolar aquele espaço de modo a os residentes familiarizados com a obra de Dante pensam ser aqueles alvorotos uma alegoria ao Inferno ante a impotência (ou sorna passiva) da PSP a demonstrar a penúria do subsídio de risco.
Uma pessoa ajuizada foge a sete pés de centopeia daquelas paragens nas noites dos dilatados fins-de-semana porque os meninos (betinhos e rufiões) cansados (?) do confinamento brincam aos polícias e ladrões e/ou às casinhas emporcalhando ruas e travessas, vandalizando mobiliário urbano, automóveis, agredindo transeuntes incautos fazendo inveja aos bastardos do filme A Laranja Mecânica.
O ministro Cabrita (Eduardo) jacta-se de Portugal ser um País dos mais seguros do Planeta, a de, duas uma: ou o governante nunca saiu do rectângulo lusitano ou tudo quanto as televisões já mostraram ocorrido no Cais do Sodré, Santos e Bairro Alto são cócegas nos seus sovacos.
Possibilidade de os incidentes alastrarem é grande, as explicações bafientas da PSP primam pela argúcia na defesa da imagem descolorida embora o Senhor Magina encha o peito de ar imitando o Popeye depois de ingerir os espinafres contidos na lata na mão da Olívia Palito.
Os jovens são exímios a aproveitarem a onda dos coitadinhos encafuados nos redutos familiares, os pais falhos de autoridade são nababos na satisfação das suas vontades, as plataformas digitais ensinam o modelo de agrupamento, a bolha se não for desfeita de imediato rebentará provocando dor, sangue e sofrimento desnecessariamente. É isto que as autoridades querem? Bem sei, muitos jovens já votam. Bem diziam os almocreves de Argozelo e Carção: onde há lúcaros, não há escrúpalos!

PS. Os almocreves eram diligentes, ladinos, conhecedores de caminhos e atalhos, como Mestre Aquilino o exemplificou em O Malhadinhas.

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3852

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