A opinião de ...

O começo das aulas

Nos tempos da outra senhora forreta e pouco interessada em ilustrar o povo português (apesar das excepções, Henrique Veiga de Macedo), as aulas principiavam para a instrução primária tinham início no dia 7 de Outubro, enquanto no secundário a campainha tocava a partir do dia 1 do mesmo mês. Nesses dias alvoroçados, de esfusiante alegria, também lágrimas lavavam rostos de raparigas e rapazes porque a prolongada ausência, 3 a 4 meses sem comunicações e múltiplas tentações (festas, feiras, passeios, merendas e auxílio nos trabalhos agrícolas) tinham rasgado, roto namoros, de múltiplos tons e sons nas ruas, travessas, largos, cantos, esquinas, sem esquecer (antes pelo contrário) casas de acolhimento no ventre do vetusto burgo brigantino.
As notícias dos «casais» desemparelhados espalhavam-se quais redes sociais dos tempos de agora aumentando o sofrimento das vítimas dos desquites, ao invés, o autor ou autora da cisão granjeando aplausos ou chufas a perdurarem largos meses, anos (mais de vinte num caso que conheço) o qual só terminou com o seu casamento antecedido de divórcios dos protagonistas.
A retoma das aulas para lá dos sismos do coração trazia à cidade um ambiente festivo, eclatante, ruidoso nos abraços de quem estava saturado das férias grandes em inúmeros casos responsáveis por calos nas mãos, idas com o gados e as varas de porcos porque imperava o anexim quem não trabuca, não manduca.
O filósofo, pedagogo e trota-mundos Santana Dionísio legou-nos impressivo relato de um dia de aulas no Liceu de Bragança (aduzi que o reitor seria o Dr. Quintela), sublinhando a garridice entusiasmada das meninas de bata branca pendurada no antebraço, os sorrisos largos dos rapazes numa atmosfera ridente e amiga.
Lá para o fim do mês de Outubro o sinal de aproximação do 1º de Dezembro surgia aprimorado na capa e batina de Damasceno logo seguido de outros que destaco o amorudo Fernando Guerra, o Sequinho, dada a sua magreza.
Faço esta singela evocação na justa medida de os «novos tempos» serem dominados nos meios estudantis pelo vertiginoso progresso tecnológico a assessorar a irracionalidade rastejante de raparigas e rapazes a praticarem abstrusas e selvagens práticas ao modo de rituais de iniciação de praxes humilhantes de cariz totalitário, próprio da idade das trevas, do obscurantismo, dos próceres fascistas, comunistas e nazis, que poem ser visionados no filme A Laranja Mecânica do genial realizador S. Kubrik.
Os tempos e as mentalidades mudam, para pior é que não pois de bestealidade basta assim!

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3854

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