A opinião de ...

A Páscoa e os «reis do rés-do-chão»

A Páscoa ou passagem ou ressurreição ou vitória sobre a morte ou o triunfo do bem sobre o mal, da vida sobre a morte, do amor sobre o ódio, é o segundo momento mais importante do calendário do Cristianismo, seja ela Católico, Ortodoxo, Evangélico ou Copta.
Em termos mais simples, a Páscoa celebra a morte e ressurreição de Jesus Cristo. Morte às mãos dos sumos sacerdotes hebreus, que temeram que Cristo lhes retirasse o Poder e que O entregassem aos poderes romanos para crucificação. Ressurreição, real ou simbólica (conforme se acredite numa ou noutra), porque Cristo ressuscitou, cheio de força, para que sobre ELE se construísse um império, não um império material mas o império do Bem e da Verdade.
Quem mais se terá aproveitado da ressureição de Jesus Cristo terão sido os que o mandaram crucificar: os sumos sacerdotes. Construíram a sua «estória» sobre Cristo e continuaram a dominar o povo hebreu. Dessa estória resultou o judaísmo, com a omissão de Jesus Cristo, porque «o Messias ainda há-de vir».
Só depois terá chegado o trabalho dos apóstolos a mando de Maria Madalena e de Maria, Mãe de Jesus. As mulheres, portanto, no centro do Cristianismo, então como agora (cf. Frei Bento Domingues, https://www.publico.pt/2023/04/09/opiniao/opiniao/crime-antipascal-2045… ), injustiçadas, amaldiçoadas, para privação da humanidade do melhor que ela pode ter: o amor de uma Mãe.
Os sumos sacerdotes foram «os reis do rés-do-chão» daquele tempo. Esta expressão tem autoria, por isso está entre aspas. Ela é do filho, pequeno, de Cármen Garcia, uma enfermeira, colunista do Jornal Público, que me encanta com os seus textos e que me aproxima cada vez mais dela, de Lídia Jorge e de Dulce Cardoso. O realismo e simplicidade com que escreve são eminentemente femininos mas transportam uma ligação à vida e à realidade que faz as pessoas agarrarem-se aos seus textos. Desta vez, Cármen, em «Os reis do rés-do-chão» (https://www.publico.pt/2023/04/09/impar/cronica/reis-resdochao-2045281), pôs os seus filhos a dialogar com ela sobre a Páscoa até que um deles invocou as figuras do Batman e do super-homem para dizer ao outro que nem estes dois personagens subiram ao Céu como Jesus Cristo pois que só sobem um pouco acima das nuvens enquanto que os humanos normais se ficam pelo rés-do-chão e nem às nuvens chegam. Conclui o pequenote que, então, os maus, os que crucificaram Cristo e todos os que fazem mal aos outros, neste mundo, são os «reis do rés-do-chão».
E, agora, escrevo eu, em todas as organizações há os bons, os assim-assim e os maus. Os maus destroem tudo o que há de bom, fazem o mal, dizem mal, tudo para ver se conseguem mais poder ou, pura e simplesmente, por diversão e maledicência. Os bons ajudam, estimulam, resgatam, são irmãos.
A estória de Carmen Garcia é exemplar para todas as dimensões da vida e deve ser aproveitada para melhorarmos os processos sociais, políticos, culturais e religiosos. Leia-se o seu livro acabado de publicar «A Última Solidão», sobre os percursos finais da vida dos idosos em lar.

Edição
3930

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