A opinião de ...

Pessoas para trabalhar

Restauração, hotelaria, construção civil, agricultura, comércio e retalho, oficinas e fábricas, são exemplos, entre outros, onde muitos responsáveis se queixam que não há pessoas para trabalhar.
Apesar de Portugal se ter voltado para o setor do comércio e serviços, 72% dos empregos, contra 25% do setor secundário e 3% no setor primário, existe falta de mão de obra praticamente em todos eles.
Imagine-se que até no sistema de ensino isto já se verifica acentuadamente e é um problema que veio para ficar!
Já não será tanto a questão de falta de pessoas qualificadas ou de emprego para jovens ou de emprego feminino, situações que se verificava há poucos anos, a marcar as carências que apresenta o mundo do trabalho no nosso País e em especial na nossa região.
A constatação é de outra índole, isto é, são em menor número as pessoas que entram no mercado de trabalho do que aquelas que estão a reformar-se.
Portanto, precisamos de pessoas para trabalhar até porque outros indicadores assim o mostram: (Pordata, dados de 10/08/22): há 4.812,3 milhões de portugueses a trabalhar, dos quais 2.428,6 milhões do sexo masculino e 2.383,7 do sexo feminino. A população ativa no total da população em idade ativa é de 78,1% (dados INE de 27/01/23).
Tratar-se-á de uma questão demográfica, de remuneração justa, de segurança social, de horários de trabalho, de economia paralela? Será tudo isto ou nada disto?
São questões que merecem ser refletidas não só para o imediato, mas para o médio e longo prazo, de forma a encontrar e aplicar estratégias que resolvam estes problemas.
As repercussões estão ligadas ou à estagnação ou ao desenvolvimento. O mesmo é dizer que, se não há pessoas, então não vale a pena criar mais empregos, um erro colossal, ou então, com a criação de novas empresas, de novas atividades, novos impulsos e dinamismo, se não há pessoas temos de as atrair e ajudar a fixar.
As diversas oportunidades que tem sido geradas pela falta de mão de obra em Portugal tem sido aproveitadas, por exemplo, pelos nossos irmãos brasileiros e dos PALOP, os que querem morar e trabalhar no nosso País legalmente.
No entanto, ainda é possível melhorar as condições de atratividade, por estratégia política, não só pelo incremento e propiciação de novos investimentos e criação de emprego, mas concomitantemente pela fixação de pessoas. Esta estratégia não pode deixar de passar pelos vistos de trabalho e ainda pela promoção de condições de alojamento (reaproveitamento de casas vazias por exemplo), de condições de mobilidade e transporte, ao fim e ao cabo, condições de vida. A estas pessoas deve ser dado e exigido o seu bom enquadramento na sociedade para que tudo funcione de modo mais harmonioso possível.
Na definição, implementação e avaliação desta estratégia, o papel dos Municípios mais ativos e diligentes será fundamental conjuntamente com o Estado e as empresas.

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