A opinião de ...

Os erros de Costa

António Costa é um político muito talentoso. Se outros feitos lhe não fossem atribuíveis, transformar uma derrota numa vitória, muito maior do que ganhar por poucochinho e com indiscutível proveito, é obra de quem tem efetivamente muito talento. Mas até os melhores cometem erros.
Foi um erro o apelo à maioria absoluta, tendo começado por insinuações quase envergonhadas, com eufemismos até que a insistência mediática o levou a assumir essa ambição. Que é legítima. Mas não é algo que se possa pedir a um eleitor. O voto que cada um lhe der, é mas do que absoluta: é integral. A maioria que daí puder resultar é isso mesmo, um resultado do conjunto dos votos e não uma escolha individual de cada votante.
Não é razoável, perante o realismo pragmático do cenário político evidenciado pelas sondagens e admitido por todos (por ele mesmo, nos intervalos do apelo à maioria) insistir na aprovação, sem emendas, do orçamento chumbado recentemente, por mais virtuoso que este possa ser porque não é, para o bem e para o mal, isso que está em questão. A governabilidade do próximo executivo não pode ser fundada em cima de intransigência.
O maior dos erros, contudo, é o ressuscitar do fantasma do Governo de Passos e Portas para conquistar votos ao PSD. Mesmo os que não apoiaram as draconianas medidas impostas pela troika reconhecem que a margem de manobra que o PSD e CDS de então tinham era pequena perante o caos vivido então, com as gigantescas dificuldades de tesouraria, aliviadas pela intervenção externa, causada e NEGOCIADA, pelo governo PS. O próprio Passos Coelho iria fazer um segundo mandato muito diferente se o seu governo não tivesse sido derrubado por António Costa. Igualmente o fará Rui Rio. A menos que António Costa queira convencer os eleitores que o estado actual da nação é, de alguma forma, semelhante ao atingido na primavera de 2011. Além disso desmerece as suas próprias propostas. Porque o que é razoável é que às propostas do PSD contraponha as soluções do PS actual, para as circunstâncias atuais e futuras, deixando de lado um passado que, penalizando, embora, a coligação de direita, não deixa de beliscar seriamente o governo socialista de então.

Reconheça-se, porém, que os nordestinos, que tão maltratados foram por Passos Coelho e Companhia, podem ver no PS uma atenção digna de relevo e que não pode deixar de merecer aprovação. O cabeça de lista do partido socialista por Bragança é um homem cuja competência está claramente demonstrada e evidenciada na obra que deixou ao distrito enquanto dirigente académico. Manter uma instituição de ensino superior com elevados níveis de qualidade, no interior, com as conhecidas dificuldades é tarefa de realce demonstrativa de elevada capacidade e talento. Fazer do IPB o melhor dos Institutos Politécnicos deste nosso Portugal demonstra uma capacidade extraordinária que muito orgulho nos deve trazer, pelo menos igual ao espanto que tal feito despontou (e ainda permanece) em várias cabeças bem pensantes e credenciadas da capital lusitana. João Sobrinho Teixeira, se outras funções, nomeadamente governativas, lhe não forem atribuídas, será, sem qualquer dúvida, o deputado mais competente, bem preparado e de maior prestígio do distrito de Bragança. A sua disponibilidade para continuar a servir o nordeste merece ser compensada com uma votação maciça na lista que lidera.

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