Bragança

Festival da Lombada vai fornecer palha para uma obra de arte do Abade de Baçal

Publicado por António G. Rodrigues em Qui, 2023-07-20 10:40

A 23.ª edição do mais antigo festival do distrito de Bragança, o Festival de Música e Tradição da Lombada, vai este ano fornecer palha para uma instalação artística, que estará patente de agosto a novembro no Museu do Abade de Baçal, em Bragança.

A novidade foi revelada na apresentação do evento, na passada quinta-feira, em Bragança.

“Foi um desafio lançado aqui ao festival da Lombada, precisamente por ser uma rara oportunidade de recriar uma obra de arte contemporânea do autor Alberto Carneiro do Museu do Abade de Baçal.

É precisamente o resultado que sai desta segada e desta malha tradicional. Vamos aproveitar essa palha para reconstruir esse exercício fantástico quem foi criado pelo Alberto Carneiro em 1973 e que será, no fundo, a recriação de um campo de trigo dentro do próprio museu. Isso só é possível com uma seara que foi plantada e que vai ser colhida.
Para este projeto temos a colaboração muito direta, também, do Centro de Arte Alberto Carneiro, em Santo Tirso”, explicou Jorge Costa, diretor do MAB.

Segundo Jorge Costa, “vai ser uma espécie de espaço onde o visitante vai poder circular, vai poder deitar-se, sentir a palha, sentir o cheiro”. “É uma experiência, de uma outra forma, dentro do próprio museu, do que é uma seara colhida. É uma espécie de instalação de envolvimento, que vai ocupar toda a sala de exposições temporárias do Museu”, explicou.
Este ano, o festival da Lombada decorre de 28 a 30 de julho na aldeia de Palácios, na Uniõ de freguesias de S. Julião e Deilão.

De acordo com Raúl Tomé, da organização do festival, “há um programa que vem sendo repetido ao longo destes 23 anos, do ciclo do pão, com a segada tradicional, a malha tradicional”. “Depois temos a vertente dos trajes, do artesanato, da gastronomia e da música. Teremos dois grupos no sábado e o domingo começa com os toques dos sinos, que serviam não apenas para as celebrações religiosas mas para chamar o povo noutras circunstâncias, como incêndios, assaltos, etc.
Depois temos o 23.º encontro de tocadores e gaiteiros da região da Lombada.

Há 23 anos havia três gaiteiros, hoje temos cerca de 40 jovens e velhos. A União de Freguesias de S. Julião de Palácios e Deilão criou uma escola de gaiteiros e tocadores, e ainda bem”, sublinhou.

Certo é que o festival tem crescido e a estrutura envolvente não tem conseguido acompanhar.

Por isso, Raul Tomé e o próprio presidente da junta de freguesia, Altino Pires, pedem mais envolvimento à autarquia.

“O Município podia olhar para estes festivais e apoiar com mais um bocadinho para poder crescer”, frisou o autarca local.

Raúl Tomé frisa que a necessidade principal é a de gente. “Toda a aldeia está presente e colabora gratuitamente, desde a sementeira à ceifa. Têm vindo visitantes de Lisboa, de Aveiro, Guimarães. As casas disponíveis, que são poucas, estão cheias. O número de visitantes tem subido.

Precisávamos de gente nova na aldeia. Esse é o problema principal.

Já a vereadora da Educação e Cultura do Município de Bragança, Fernanda Silva, sublinhou que “este tipo de festivais tem muita importância para o concelho”. “É uma forma de mantermos vivas algumas tradições, aquelas que são marca identitária do nosso território. Passarmos este conhecimento aos mais jovens e aos que nos visitam. Tentar proporcionar a quem nos visita experiências imersivas a partir das tradições locais”, disse.

Por isso, o festival da Lombada serve mesmo de exemplo.

“Sim, pode ser um exemplo. Já há algumas a fazê-lo. Temos o festival D’Onor, que vai nesta linha e que surge muito depois do festival da Lombada.

Há margem para evoluirmos. Em termos de festividades de inverno também já há algumas recriações com base na máscara.

O território está vivo mas ainda há um caminho a fazer”, concluiu.

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