Nordeste Transmontano

OCDE está a estudar despovoamento e envelhecimento das Terras de Trás-os-Montes

Publicado por Glória Lopes em Seg, 2024-04-01 11:31

O território dos nove concelhos inseridos na Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes (CIM-TTM) está incluído num estudo que a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) propôs desenvolver com a Agência para o Desenvolvimento e Coesão, com a missão de verificar in loco a realidade, nomeadamente ao nível da demografia, pondo a tónica em problemas como o despovoamento e o envelhecimento da população. O estudo está marcha em quatro países.

“Viemos [a Bragança] para tomar conta da realidade, relativamente às dinâmicas regionais, às relações entre os centros urbanos e espaços rurais em volta, para perceber quais as estratégias e as políticas que estão a ser implementadas. Quais são os grandes desafios e as oportunidades que podem advir desta realidade relacionada com a redução da população e como no futuro se podem encarar políticas mais dedicadas a cada território” revelou Gonçalo Alves, do Núcleo de Políticas Territoriais da Agência para o Desenvolvimento e Coesão, à margem de uma visita de uma comitiva da OCDE ao Brigantia Ecopark, na passada quinta-feira.

A Agência para o Desenvolvimento e Coesão acolheu este projeto da OCDE relacionado com as cidades em processo de encolhimento demográfico e com um envelhecimento prolongado que, em Portugal, envolve dois estudos de caso, Bragança e Coimbra. “Nós sabemos que a realidade dos pequenos concelhos é dramática, mas o problema também já existe na capital de distrito, embora em menor escala na zona urbana. Na zona rural [de Bragança] é idêntico ao de outros concelhos”, observouJorge Fidalgo, presidente da CIM-TTM.

A CIM indicou os problemas, bem como as causas do despovoamento, e promoveu, ainda, uma reunião entre comitiva e várias instituições, como a Unidade Local de Saúde, o Nerba-Associação Empresarial, a União das IPSS e ao Instituto Politécnico.

Despovoamento é o maior desafio

“O problema demográfico é o grande desafio dos nossos territórios em particular, mas também do país e da Europa”, referiu Jorge Fidalgo. A CIM vai agora aguardar o resultado do estudo. “Para ver se algumas das propostas que fizemos ou eles possam vir a fazer têm aplicabilidade no terreno. Não queremos baixar os braços perante um problema, que é grave, mas sabemos que é muito difícil de combater” acrescentou o presidente da CIM.

Soluções seriam bem-vindas, ainda que o estudo não tenha objetivo de as encontrar.

Jorge Fidalgo acredita que a resolução de alguns problemas “passa por políticas públicas locais - que têm estagnado alguma coisa - e a nível central não tem olhado para estes territórios com a especificidade que devia ser” acrescentou Fidalgo.

Todavia, Gonçalo Alves, admitiu que a ideia não é concluir. “Não tiramos conclusões, porque não é esse o objetivo. Viemos para ouvir, para podermos retirar pistas sobre o que está a acontecer. Quais são as ambições, expetativas e desejos de todos os atores locais e regionais para perceber como desenvolver novos tipos de políticas que se adeqúem a este fenómeno, que será uma das grandes tendências da Europa e do mundo relacionadas com o envelhecimento da população” concretizou.

A comitiva deslocou-se a Bragança para auscultar os parceiros e os principais atores da região. “Para recolher dados e informações” indicou Gonçalo Alves.
O estudo deverá estar concluído no início de 2025. “Nessa altura serão apresentados os casos de estudo, Bragança e Coimbra, em Portugal, mas estão ainda envolvidas cidades na Coreia do Sul e na Finlândia” adiantou.

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