Paulo Ramalho acredita que a agricultura tem uma nova oportunidade

A integração da Agricultura na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) não foi um problema, mas antes uma oportunidade. É a convicção do vice-presidente da CCDR-Norte, para a área da agricultura, seis meses depois de ter sido nomeado.
Paulo Ramalho também revela que já sente um maior consenso por parte dos autarcas da região transmontana, depois de alguma contestação inicial, em colaborar numa estratégia que volte a colocar a agricultura no centro das políticas públicas.
Recorde-se que, em maio de 2023, foram integradas nas CCDR, as anteriores Direções Regionais de Agricultura e Pescas, que passaram a designar-se unidades orgânicas regionais, sediadas em Mirandela, Castelo Branco, Santarém, Évora e Faro.
Em consequência, disso, o Ministro da Agricultura ficou desprovido de capacidade de intervenção no território dado que não ficou prevista a sua participação na tutela da CCDR, onde ficam localizados os departamentos da agricultura e pescas à escala regional ou sub-regional.
A 6 de dezembro de 2024, uma publicação em Diário da República, veio corrigir tal situação. A orgânica das CCDR foi alterada para permitir a nomeação, pelo ministro da Agricultura, de vice-presidentes que terão a seu cargo os departamentos regionais da agricultura, desenvolvimento rural e pescas.
O Conselho de Ministros designou, em 9 de janeiro, deste ano, os vice-presidentes. Na CCDR Norte, foi designado Paulo Ramalho, ex-vereador do Município da Maia e ex-deputado do PSD na Assembleia da República. Quase seis meses depois da nomeação e depois de algumas críticas de autarcas sobre o processo, Paulo Ramalho garante que o tempo é de paz. “Tenho sentido por parte dos autarcas aqui da região, uma enorme vontade em colaborar numa estratégia que volte a colocar a agricultura no centro das políticas públicas, mas acima de tudo no centro do verdadeiro desenvolvimento destes territórios, porque se a agricultura estiver bem, seguramente que outros setores também se vão juntar para este sucesso”, afirma.
Paulo Ramalho tem a expetativa que a integração da agricultura na CCDR “não tenha sido um problema, mas uma oportunidade. Foi possível, graças a essa integração, encontrarmos fundos do Norte 2030 para apoiar indiretamente questões associadas à agricultura, como é o caso do enoturismo que é uma realidade que está associada à produção de vinho”, salienta.
O vice-presidente da CCDR-Norte entende que o território tem um enorme potencial e que terá de existir uma estratégia “que tem de ser diferenciada em função das necessidades próprias de cada um destes territórios, e nesse sentido tem sido para mim muito desafiante perceber que estamos a construir um caminho que tem tudo para dar certo, com todos os agentes do território e colocarmos a agricultura em alguns dos nossos territórios como uma verdadeira prioridade, porque é a principal atividade económica desses mesmos territórios”, acrescenta.
Paulo Ramalho dá alguns exemplos: “Em Trás-os-Montes, ninguém duvida que a castanha, a amêndoa, o azeite e o próprio vinho são elementos endógenos fortíssimos deste território, pelo que temos de apostar na regeneração do nosso tecido agrícola, porque temos de ser capazes de reter os jovens na agricultura”, salientando aquele dirigente que, “neste momento, uma prioridade do governo também é criar cada vez mais capacidade de termos segurança, mas também soberania alimentar, e dado o déficit alimentar que temos no país, que ainda é muito elevado, nós temos muito para construir”, ressalva.