Nordeste Transmontano

Sobrinho Teixeira fala numa "nova forma de estar na política" após "campanha impactante"

Publicado por António G. Rodrigues em Seg, 2022-02-07 11:20

Natural de Mirandela, antigo presidente do Instituto Politécnico de Bragança e do Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos, é, aos 60 anos, deputado pela primeira vez.

João Sobrinho Teixeira era sinónimo de liderança no Instituto Politécnico de Bragança, organização à frente da qual esteve durante 12 anos, num dos períodos de maior expansão e afirmação da instituição, antes de assumir a função de Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, no Governo que agora cessa funções.
Escolhido pelo próprio António Costa, líder do PS, para encabeçar a lista de deputados por Bragança, mostrou-se renitente em aceitar dado o desprendimento face à política deste independente. Mas a insistência de Costa levou a melhor e mostrou-se uma aposta ganha, que deixou os cabelos em pé aos sociais democratas do concelho de Bragança que veem, agora, a possibilidade de terem um adversário de peso, e ganhador, as próximas autárquicas, que marcam o fim de ciclo de Hernâni Dias à frente da Câmara Municipal da capital de ditrito.
Para já, Sobrinho Teixeira mostra-se apenas disponível "para lutar pela região".
"Foi uma vitória com muita emoção. Houve da nossa parte um empenho muito grande na forma como a campanha foi conduzida, em tentar transmitir a mensagem. Foi bonita, alegre, procurou ser impactante e tentar comunicar de forma a construir projetos que demonstrem a massa crítica da região e possam trazer economia, emprego e estancar a perda demográfica.
Foi bonita porque demonstrámos ideias, projetos, estratégias, não precisámos de falar de nada nem de ninguém. Procurámos não criar casos, no que deve ser a ética da política. Deixa-me feliz e ainda com o sentimento de que tenho de dar mais de mim, mediante a confiança que depositaram em mim", começou por dizer, mais a frio, ao Mensageiro, o novo deputado do PS.
Apesar de alguma surpresa confessa com o conjunto de resultados, Sobrinho Teixeira diz que luta "sempre pelo melhor mas esperando o pior. A obrigação era transmitir a mensagem que me foi incumbida diretamente pelo António Costa. Não estava a fazer campanha só para ganhar mas mostrar que há capacidade de luta, resiliência na região, e que poderia ser um sinal de esperança.
O julgamento era dos nordestinos e correu bem", sublinhou.
Ao longo da campanha socialista, nem tudo foram rosas. Para além de uma polémica gerada num grupo de whatsapp entre Berta Nunes (segunda da lista) e Jorge Gomes (terceiro), na última semana de campanha surgiu uma carta anónima com críticas a Sobrinho Teixeira e Berta Nunes, que se suspeita ter origem em militantes socialistas de Bragança. Situações que deixaram alguma tristeza a Sobrinho Teixeira por este fogo amigo.
"Uma campanha é feita de altos e baixos. Há momentos em que há um grande carinho e afeto, até porque as pessoas percebiam que podíamos estar numa situação mais cómoda e deixamos o nosso comodismo para lutar pela região. Mas há momentos em que isso não é tão sentido. Nunca tinha estado numa campanha destas. Tem momentos altos e baixos", disse.
A serenidade com que encarei o final de sexta-feira foi imensa pois tinha dado por tudo para demonstrar a ideia de que há um caminho e que a nossa é uma terra de oportunidades, mais do que dificuldades", apontou, continuando. " Se saímos da nossa zona de conforto para dar um caminho e uma esperança aos nordestinos, dentro do que foi a interligação entre os candidatos, houve situações impactantes.
Da carta anónima não a li nem a vou ler, não vejo qualquer relevância na questão.
Quanto às pessoas, houve momentos em que ficámos tristes na campanha. Mas, da mesma forma que numa campanha há pessoas que dizem que estão connosco, há também quem nos julgue mal apenas porque ficamos numa espécie de “classe política” e isso deixa-nos numa situação de perceção de injustiça.
Lutámos pela região no Cachão, no IPB, na Secretaria de Estado e apenas porque nos dispomos a dar mais pela região, passamos a ser pessoas menos apreciadas.
É um sinal da degradação da forma de fazer política e da forma como os políticos se posicionam perante a sociedade.
Essa abordagem deixou-me mais triste. Mas a campanha foi uma forma de mostrar como se pode manter ética na política.
O principal compromisso é com os nordestinos e com o distrito de Bragança. Mais do que um político continuarei a ser aquele homem humilde e agradecido, por ter tido a confiança das pessoas", garante.
Quanto às prioridades, são claras. " O que a região mais precisa é da criação e economia e de emprego para estancar a redução demográfica. É para aí que temos de focar todos os nossos esforços.
Irei pautar a nossa atuação por isso. Em termos de abordagem estratégica, teremos o setor primário que tem de ser cada vez mais afirmado, com uma proteção cada vez maior às denominações de origem protegida. Devem ser valorizadas face a outros territórios que podem ter agricultura mais intensiva.
Orientar para uma agricultura de precisão. O próprio relevo é determinante para termos ganhos de produtividade.
Arranjar soluções para problemas pontuais como o do bagaço da azeitona, das pragas do castanheiro e da oliveira.
Mas temos de ir mais além, pois temos de criar economia e emprego e isso passa pela criação de setor secundário e de indústria da nossa região.
Temos de deixar de ser a região mais longe de Lisboa mas a que está mais perto da Europa e no centro da Península Ibérica.
Tão ou mais importante do que isso é podermos atrair economia e empreendimentos, afirmando que temos aqui muito conhecimento acumulado", frisou.

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