A opinião de ...

A pequena entrevista do sr. ministro

Na semana passada no programa da RTP3 Grande Entrevista, o jornalista e entrevistador Vitor Gonçalves teve como convidado o novo Ministro da Administração Interna, Dr. José Luís Carneiro. Admirei a coragem do Sr. Ministro que, tendo tomado posse há pouco mais de 2 meses, na minha perspetiva muito pouco tempo para tomar conhecimento fundamentado dos vários problemas e possíveis soluções que afetam o seu ministério, aceitou submeter-se ao rigoroso exame que constitui responder em público e na TV para todo o país, às questões pertinentes e de interesse geral, que são habituais no entrevistador, sempre bem informado.
Considero que o sr. ministro (agora com letra pequena) chumbou. Também considero que o Sr. Vitor Gonçalves não estava tão bem preparado, ou à vontade, como é o seu habitual. Deixou várias questões em aberto que o entrevistado não respondeu e insistiu pouco para que as respostas fossem esclarecedoras. Que não foram.
Onde esteve melhor foi nos números da criminalidade que constam no RASI 20211. Incluindo nas respostas colocadas sobre os crimes e vítimas de violência doméstica, cuja preparação de todos os intervenientes para dar melhor resposta às necessidades das vítimas, mas também dos agressores, é cada vez mais aprimorada. Idem nas questões relativas ao aumento de crimes praticados por gangues juvenis e à criminalidade grupal. As polícias possuem meios e conhecimento dos seus atores que lhes permitem estar ao melhor nível internacional, disse ele. O sr. ministro até já tem delineada uma estratégia integrada de segurança nocturna, mas ninguém percebeu o que é que isso vai significar. Será um confinamento permanente? Mas se as polícias conhecem tão bem os atores criminais e a sua génese de atuação em grupo, para que servirá a equipa mista, multidisciplinar e transversal, que vai ser criada para estudar e compreender este fenómeno? Será um fenómeno criminal ou social? E as causas?
Quando se falou nos vencimentos dos polícias, 1070 €, ilíquidos (que são menos de 850 líquidos) para início de carreira de agente e deixou implícito e claro que era um bom vencimento ao compará-lo com o de técnico superior, cerca de 1200 €. Esqueceu-se ele, e também o entrevistador, das especificidades do trabalho do polícia. Então: trabalhar com arma todos os dias, de segunda a domingo. Turnos completos. Fins-de-semana e feriados. Com chuva, neve ou sol. Comparências em tribunal e outras entidades às horas que estas determinam. Disponibilidade permanente e compromisso de “dar a própria vida se preciso for” não representam nem justificam nada? É só a responsabilidade?

NB. Continua em próxima edição

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