A opinião de ...

Necrologia

O título desta crónica pode parecer despropositado, ao estilo dos jornais de antes da revolução tecnológica, mas é propositado, a causa reside no facto de outrora íamos sabendo da passagem para o mundo dos mortos através da leitura dessa secção, pois os leitores da diáspora recebem a informação a conta-gotas na correnteza do efémero da vida/vida sem as notações dos desaparecidos. Ora, este jornal, apesar da vertiginosa e gigantesca torrente de palavras via redes sociais, mantém a boa prática de dar conta da morte de mulheres e homens de Bragança e terrunhos adjacentes. Por assim ser, no dia 22 de Setembro, fiquei a saber do passamento do estimado Leonel Veloso, profissional distinto, homem de convicções indiferente a bonzos bajuladores, amigo do seu amigo. Um Homem bom!
Eu sei quão difícil é manter «contas certas» nos jornais impressos sem recorrerem a truques, daí a permanente boa gestão do espaço e tal como nos jornais de matriz nacional de maior tiragem só escrevem obituários quando morto/a é figura de destaque no palco da fama figurada a todo o custo na fanfarra comunicacional das capelinhas, seja na persistência no recado porque o talento da personagem acabará por ser salientado como ocorreu há dias com a nossa conterrânea Manuela Gonçalves (Nelinha), cedo revelou invulgares qualidades artísticas, sem surpresa irrompeu no universo da moda depois de estudos em Londres, regressou a Lisboa, pontificava num restrito circulo enquanto as suas roupas competiam com as de Ana Salazar. A última vez que a vi foi num almoço na despedida deste Mundo José Labaredas, reiterou-me o apego à renúncia à mundanidade, disse-me representar no ágape o seu amado José Alves Velho, no entanto, se não fosse o Público o seu passamento não chegaria de imediato ao meu conhecimento. Por tudo isso e dado o histórico do Mensageiro leva-me a pedir ao Director, o nosso director, o aumento do espaço e tratamento noticioso da Necrologia a qual uma figura da cidade bragançana dizia ser uma terrível doença. Talvez tivesse razão!

Edição
3904

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