A opinião de ...

Habituem-se... (I)

As recentes eleições legislativas e os seus resultados deveriam merecer de todos os políticos profundo reflexão.
Não só pelo resultado de cada força partidária mas também e, sobretudo ,pela percentagem da abstenção.
É notório e constante o afastamento dos portugueses em relação à política.
Mas a culpa não é só dos políticos e dos partidos.
É verdade que os partidos e os políticos se põem a jeito e, daí, a opinião que os portugueses dão de tais intervenientes.
Em 2024 continuamos a fazer politica como se fazia há 50 anos .
Até hoje os partidos e os políticos não foram capazes de evitar a descredibilização da política, da democracia e do exercício dos cargos.
Até hoje os partidos e os políticos não foram capazes de convencer o povo de que, na politica , «já não vale tudo».
Há pouco tempo houve a oportunidade «rara» de iniciar outro caminho .
A substituição do líder do PS poderia ser «o golpe de asa» para romper e cortar com o passado.
Infelizmente, a meu ver, não foi.
Se o voto é a arma do povo;
Se o poder está e reside (só) no povo então não se entendem as razões que levam os partidos a desvirtuar estas circunstâncias e esta realidade.
Eu sei que as iniciais PNS não quer dizer partido nacional socialista.
Eu sei que querem dizer Pedro Nuno Santos.
E por isso eu estava à espera que Pedro Nuno Santos devolvesse aos militantes do PS o poder. Para que os militantes pudessem usar o voto como «a arma do povo».
Para que os militantes pudessem ser os únicos «donos do poder socialista». E acabasse com o privilégio «autocrata» do líder «ter direito a escolher» quem quer em alguns cargos.
Eu sei que, estatutariamente, o líder pode escolher. Mas também sei que era a forma de cortar com um passado.
Era o momento de propôs ao congresso a revisão dos estatutos para devolver ao povo o poder que deveria estar só no povo.
Era o momento de mostrar e provar que ele – político jovem – vinha para fazer política de outra maneira.
Era o momento de «atirar uma pedrada ao charco» bolorento, de «água choca» que tem servido apenas para «enlamear» e manchar a hora e o bom nome quem quer fazer política de outra maneira.
Dizer «eu não quero privilégios» eu não quero «quotas».
Dizer também «comigo não há barões» e não haverá «pedritas».
Comigo o poder é das bases e só das bases. Ao fazê-lo daria a possibilidade de aparecerem líderes regionais fortes e preparados para os desafios.
E uma coisa era fazer política com o apoio desses líderes regionais fortes – porque emanam das bases – e outra coisa (totalmente) diferente é fazer política para impôr às bases uns barões que –muitas vezes – nem sabemos aonde «embarram o pote».

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