A opinião de ...

Matematicamente pensando: Tecnologias e resultados de aprendizagem

 
É indiscutível que muitos dos objetivos da escola estão orientados para preparar os alunos para a vida quotidiana nas múltiplas dimensões que esta envolve. Por outro lado, os níveis de desempenho dos alunos de cada país devem poder ser comparados com os níveis de desempenho dos alunos de outros países, proporcionando a cada país a possibilidade de aferir o que faz bem e identificar os aspetos menos bem conseguidos em função do conhecimento da realidade de outros países.
Um dos aspetos bem conseguidos por Portugal relaciona-se com a disponibilização de recursos informáticos aos alunos nas escolas que frequentam. É sempre agradável ler notícias como “Na OCDE, Portugal é o país onde mais alunos têm acesso a computadores nas escolas”, “Em Portugal, 98% dos alunos têm acesso a um computador ou outro equipamento semelhante na escola” (http://economico.sapo.pt, 15-09-2015).
A existência de mais e melhores recursos nem sempre se traduz em melhores resultados de aprendizagem, mas, aceita-se com facilidade que a utilização de recursos digitais contribui de uma forma consistente e inovadora para apoiar o processo de ensino e aprendizagem, e promover competências que mesmo que não sejam objeto de avaliação académica são muito importantes para a vida quotidiana.
Uma das comparações entre as aprendizagens de vários países tem sido realizada através do programa internacional de avaliação dos alunos (PISA). O programa PISA é desenvolvido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e tem como principal objetivo avaliar se os alunos de 15 anos estão bem preparados para enfrentarem os desafios da vida quotidiana, no sentido de conseguirem mobilizar as suas competências de leitura, matemática ou ciências na resolução de situações relacionadas com o dia-a-dia. As aplicações do PISA ocorrem em ciclos de três anos. Em cada ciclo do PISA é dada ênfase a uma das três áreas avaliadas (leitura, matemática ou ciências). Em 2000 e 2009 a área principal foi a leitura, em 2003 e 2012 a matemática e, em 2006 e 2015 as ciências.
O PISA faz um retrato de cada país e compara-o com os restantes, proporcionando uma medida da eficácia da educação de cada país face aos padrões de desempenho estabelecidos pela OCDE. Os resultados do PISA possibilitam que os decisores revejam as suas políticas e estabeleçam metas baseadas em padrões de desempenho definidos internacionalmente (http://iave.pt/np4/12.html).
Defendendo-se que cada país deve ter conhecimento sobre o que se passa no mundo relativamente aos resultados de aprendizagem, o programa PISA pode fornecer indicadores muito relevantes sobre esses resultados e as competências dos alunos adquiridas na escola para poderem enfrentar a vida quotidiana.
Salienta-se que embora Portugal surja em primeiro lugar no ranking que compara a existência de computadores nas escolas com o número de alunos, os resultados dos alunos portugueses obtidos nos testes de leitura, matemática e ciências não se destacam relativamente aos de outros países com menor oferta de acesso e utilização das tecnologias de informação. Por outro lado, a utilização do computador e de uma forma particular o acesso à internet fora da escola verifica-se para a grande maioria dos alunos portugueses (mais de 90%), salientando-se que 35% dos alunos passa mais de quatro horas diárias na internet durante o fim de semana.
Aceitando-se as potencialidades tecnológicas existentes no país, com ou sem exames, cada ano letivo deve constituir um desafio e um convite à reflexão, principalmente para as organizações educativas e seus membros, no sentido de fomentarem a melhoria do conhecimento científico e pedagógico, bem como a implementação de melhores estratégias que motivem o empenho, o esforço e o trabalho dos alunos, no sentido de obterem melhores resultados e ficarem mais preparados para a vida. 

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