A opinião de ...

A armadilha da crítica fácil

Já o tinha escrito aqui que o período eleitoral, sobretudo autárquico, é fértil em mexer com a emotividade das pessoas, toldando-lhes, muitas vezes, o raciocínio. Sobretudo aquelas que são candidatas a cargos públicos tendem a exacerbar perceções, tornando fácil ver os argueiros nos olhos dos outros sem conseguir enxergar as traves que pululam nos olhos próprios.
Há exatamente uma semana, o Mensageiro de Bragança publicou uma série de artigos de opinião das várias candidaturas à Câmara da capital de distrito.
Não tardaram a chover críticas, umas mais assertivas do que as outras, mas regra-geral injustas e injustificadas.
Uma delas foi especialmente gravosa, postada em jeito de comentário no Facebook, por vir de um candidato, que até já teve responsabilidades no setor da comunicação social, e por colocar em causa a seriedade do Mensageiro de Bragança.
Desde logo, foi muito criticado o facto de serem artigos de opinião e de terem sido publicados nesta altura de campanha.
Se as ideias para o concelho não se discutem na campanha eleitoral, vão discutir-se quando? Ou será que este candidato, em tempo de democracia, é avesso à discussão e ao debate de ideias? Que sentido democrático é esse?
E a opção recaiu em artigos de opinião precisamente para deixar liberdade às candidaturas de defenderem as suas ideias. Cada um fez como bem entendeu. Não cabe ao Mensageiro interferir nesse processo, como não interferiu. Demos oportunidade a todos para se pronunciarem e cada um fê-lo como entendeu.
Se uns decidiram usar tabelas, pois usaram tabelas. Se outros preferiram apenas texto corrido, pois foi apenas texto corrido. Mas a opção foi de cada um. E cada um defendeu as suas ideias como bem entendeu. Não nos caberia a nós estar a defender ideias alheias, sejam elas de quem fossem.
Este tipo de crítica é ainda mais estranho vindo de quem teve, durante 15 anos, responsabilidades na comunicação social regional. Se estranhou o facto de haver tabelas em artigos de opinião, se calhar é porque anda a ler poucos jornais,.
Mas estar a acusar o Mensageiro de parcialidade quando nem se deu ao trabalho de constatar que a própria candidatura tinha, também, um artigo, é simplesmente ridículo.
Pôr em causa a seriedade alheia quando, num passado não muito distante, permitiu artigos de opinião com ataques a outros órgãos de comunicação com base em dados factualmente falsos, torna o caso ainda mais grave.
Mas o que esperar de uma pessoa que, publicamente, se despede do órgão que integra garantindo que não voltaria a ser candidato para, depois, encabeçar uma lista ao mesmo órgão?
Já para não falar na falta de rigor e seriedade demonstrada nas intervenções feitas nessa mesma ocasião a propósito, por exemplo, do abastecimento de água à cidade de Bragança, em que conseguiu mentir duas vezes na mesma frase.
Lá diz o povo: “quem tem telhados de vidro não deve atirar pedras, pois pode ser que lhe caiam em cima”.

Nota: o nome da pessoa em causa não é mencionado por dois motivos: é período de campanha e acabou por apagar o comentário. Mas o print ficou.

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