A opinião de ...

Quem protege as forças de segurança?

O momento que o país atravessa está a ser marcado por uma mudança de paradigma da sociedade atual. A evolução da tecnologia está a produzir alterações à forma como vivemos a uma velocidade nunca vista. Nunca antes, como agora, as mudanças foram tão drásticas e repentinas, com tecnologias a aparecerem a tomar conta das nossas vidas e a tornarem-se obsoletas num piscar de olhos e em menos de uma geração.
A minha geração assistiu aos primeiros passos do VHS (tecnologia vídeo), à sua disseminação por todo o mundo, ao surgimento dos clubes de vídeo, dos canais temáticos musicais.
Mas, em menos de nada, uma tenologia que se disseminou por todo o mundo acabou substituída pelos CDs, primeiro, logo a seguir pelos DVDs. Inovações que já ficaram, também elas, fora de moda.
Hoje em dia, a realidade é transmitida em tempo real e à medida em que acontece. Portanto, vemos uma acelerada evolução das coisas.
Ora, uma velocidade bem diferenta daquela a que funcionam as nossas instituições, sobretudo as públicas.
Se em áreas como a Saúde a tecnologia vai sendo introduzida a um nível alto, outras áreas, como a segurança, as mudanças são mais lentas.
E isso afeta, essencialmente, a renovação geracional do efetivo policial.
Como se pode ver nas páginas aqui ao lado, a renovação geracional será um dos principais desafios que o novo Comandante da PSP vai enfrentar no Comando Distrital de Bragança, responsável pelo policiamento das cidades de Bragança e Mirandela.
Ao longo das últimas décadas, algumas profissões viram o seu estatuto na sociedade ser deteriorado. É o caso dos professores e das forças de segurança.
Essa deterioração do estatuto destas profissões, e da respetiva componente remuneratório, foi afastando candidatos.
Ora, chegados aqui, temos cada vez menos professores nas escolas e cada vez menos candidatos a concorrer para a Polícia.
Sem novos candidatos, é impossível substituir os que vão envelhecendo. A idade da reforma vai sendo adiada e Comandos como o de Bragança, de ‘fim de linha’, ficam cada vez mais envelhecidos e com a sua capacidade operacional comprometida.
Para além disso, ainda é preciso contar com a componente motivacional dos homens. Um brigantino que entre para a PSP sabe que vai demorar pelo menos 20 anos a aproximar-se da sua residência, com os custos pessoais inerentes. Ou se estabelece, com a família, em Lisboa, com os custos financeiros que isso acarreta, ou passará uma vida de viajante.
Isso só se resolve com coragem política de alterar as condições destes profissionais, para tornar as carreiras mais atrativas.

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