Açaimos na Assembleia da República, já! Começa a faltar paciência para tanta falta de vergonha
Meteram a raposa no galinheiro, e as consequências não se fizeram esperar.
O nível vergonhoso a que desceram os trabalhos da Assembleia da República, (se é que ainda se possa considerar como trabalho a vergonha do que por lá se passou na última semana), é tão baixo, tão baixo, tão baixo, que aos principais atores e figurantes que por lá se passeiam, se ainda restasse um pingo de vergonha, a estas horas já deviam ter sumido para sempre, para bem longe de Lisboa, numa viagem sem regresso, por exemplo para as areias cálidas do deserto do norte de África, onde, sem sobrecarregarem os cofres do estado, teriam todo o tempo do mundo e as condições ideais para se aperceberem da sua total inutilidade.
Se, como diz o nosso povo, “Quem torto nasce, tarde ou nunca endireita”, atendendo aos condicionalismos que originaram a atual correlação de forças da Assembleia da República, era natural e previsível que o desempenho dos deputados não tivesse a qualidade e a dignidade condizentes com a responsabilidade daqueles que o povo elegeu, para a nobre missão de, durante quatro anos, os representarem no Parlamento.
Infelizmente, e não há como tentar tapar o sol com uma peneira, à medida que o cumprimento desse mandato vai avançando no tempo, o balanço atual é o contrário de tudo o que seria espetável, tornando-se, a cada dia que passa, mais evidente e difícil de justificar esta vergonhosa sucessão de escândalos.
Atendendo à vilania a que as coisas chegaram, da qual todos temos a nossa cota parte de responsabilidade, porque as coisas já não vão lá com paliativos nem com novas eleições, ainda que arrostando com as teorias peregrinas dos líricos e as lágrimas dos crocodilos do costume, é indispensável que se tomem todas medidas necessárias para expurgar o Palácio de Belém da praga de incompetentes que por lá se instalou que ameaça contaminar definitivamente e afundar na lama o pouco que ainda resta do prestígio e da dignidade da democracia.
Para que o recurso a brejeirices, comentários, provocações, faltas de respeito, insinuações, insultos e ordinarices, ao nível do pior de qualquer tasca de esquina ou peixaria de mercado, se transforme na imagem de marca do parlamento, é imperioso e urgente que quem de direito, para recuperar a dignidade ainda possível dos deputados no exercício da missão para que foram eleitos pelo voto do povo, faça tudo o que estiver ao seu alcance para meter toda aquela gente na ordem.
Para começar, se tal não for possível fazê-lo por outras vias, para os obrigar a manter a necessária compostura e elevar o nível da linguagem dentro das instalações da Assembleia da República, a partir desta data, porque cá se fazem, cá se pagam, aos deputados mais brejeiros e desbocados, só deveria ser permitida a entrada e permanência nas instalações do Parlamento quando se apresentassem segura e convenientemente açaimados.