A opinião de ...

Era tão bom e tão necessário que voltasse a haver Natal!

A propósito de tudo e de nada, é vulgar dizer-se, com a maior das naturalidades, em contraste com o ritmo frenético a que nos habituámos a viver nos tempos que decorrem, que tudo tem o seu tempo, e que, para o que é verdadeiramente importante, há sempre tempo de sobra, assim se queira e se saiba aproveita-lo devidamente.
Naturalmente que sim mas, por nossa culpa, nos novos tempos e nas novas sociedades que ajudámos a construir e nas quais acabámos por nos deixar enredar, infelizmente, as coisas estão muito longe de ser assim, e nesta lufa lufa estonteante que, noite e dia, sem qualquer contemplação, nos controla ao segundo, despersonaliza, e reduz a meros dentes de engrenagens que não dominamos, que nos reduzem a simples números avaliados exclusivamente pela produtividade em função dos objetivos que nos são impostos.
Nunca como no atual contexto pandémico de insegurança, falta de rumo, de valores e de princípios, que ameaça a sobrevivência da própria humanidade, e que não nos deixa tempo nem nos dá a possibilidade de sermos nós próprios e de nos realizarmos plenamente enquanto pessoas, foi tão vital, urgente e importante que a humanidade no seu todo, guiada pela luz da estrela que conduziu todas as pessoas de boa vontade até ao presépio de Belém, de alma pura e coração aberto, à semelhança dos pastores, também ela fosse oferecer as suas prendas ao deus feito menino nascido naquela noite santa de mistério, e de lá voltasse impregnada do verdadeiro espírito do Natal, com disponibilidade, motivação e capacidade para viver plenamente o espírito e a mensagem de Natal, não apenas num dia imposto pelo calendário, mas em todos os dias da vida.
Porque só assim terão sentido as mensagens de esperança no futuro, mensagem de paz entre os povos e as nações, mensagem de caridade entre as pessoas, mensagem de harmonia entre as famílias, de solidariedade, de paz e de amor entre todos, poderemos desejar “Boas Festas” com sinceridade e verdade e teremos o direito de sonhar com um mundo melhor para todos, um mundo em que acabem de vez:
- As bonitas ceias de Natal para quem passa fome o ano inteiro;
- Os milhões de crianças que nunca souberam o que é ter o verdadeiro amor de uma mãe, ser desejadas, sorrir e ser felizes;
- Os milhões de emigrantes, vítimas da tirania dos seus governantes e explorados por redes selvagens de traficantes que, desesperadamente continuam a arriscar as próprias vidas na tentativa desesperada de conseguir uma vida melhor para si e para os seus;
- Os milhões de pessoas que passam ao lado do consumismo escandaloso disto a que continuam a chamar Natal, a viver na mais absoluta miséria sem o apoio de uma mão amiga que os queira e possa ajudar.
Quem não tiver tempo para assumir e reparar a sua parte de culpa, não tem o direito de mandar a ninguém votos de BOAS FESTAS E FELIZ NATAL.

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3863

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