A opinião de ...

As Comissões de Festas

Ao longo da história das comunidades, a comemoração dos santos padroeiros constitui-se como um dos momentos mais importantes, não só de encontro e de festa, mas inclusive de identidade e coesão social.
Este tempo de verão é mesmo paradigmático destas festas que põem em evidência um caráter arreigadamente vinculativo e popular.
Desde logo, pela possibilidade que oferece de abstração das canseiras e dos obstáculos da vida, do fomento do lazer e da folia, pela participação e convivialidade das pessoas de todas as faixas etárias, e especialmente da interligação cultural e sociológica.
Neste posicionamento, poderão ainda aduzir-se ainda duas outras caraterísticas fundamentais, de índole mais espiritual, o de acudir em busca de proteção do(a) próprio(a) santo(a) e de ser uma forma de recordar os próprios antepassados, que fiéis nesta vivência deixaram o seu legado à atual geração.
Assim acontece e é tão significativo experimentar estas devoções e tradições que estão profundamente enraizadas no coração de todos nós que nem os laicismos militantes, nem os progressismos de alguns, conseguirão algum dia arrancar este sentir profundo espiritual.
Contudo, as festas e romarias existem porque há homens e mulheres que ainda se vão empenhando e oferecendo gratuitamente o seu esforço, o seu trabalho e dedicação.
Como quem faz, de alguma maneira, uma dádiva de si, das suas competências, dos seus dons, do seu tempo e disponibilidade, num sentido de altruísmo e de bem comum assinalável, nas designadas Comissões de Festas.
Tantas e tantas vezes que não são devidamente valorizadas e reconhecidas pela sua entrega e compromisso! Mais a mais até quando há cada vez menos pessoas no universo das comunidades menos urbanas e rurais e menos disponibilidades!
Aliás, à boa maneira portuguesa, o realce, vezes de mais, vai corrosivamente para a critica e somente quando deixam de se realizar estes momentos festivos é que se lamenta por não haver ninguém a assumir tamanha responsabilidade.
Neste sentido, das críticas que mais se ouve é que o programa, digamos, profano, se sobrepõe mais ao religioso e em alguns casos as próprias celebrações religiosas se apresentam como apenas folclore e adereço, sem cuidado pela vivência espiritual, pela música litúrgica, pela proclamação da Palavra, etc.
Já para se não falar da que refere que são as festas e romarias a única fonte de receita monetária da própria comunidade ou das próprias comissões e mordomias!
Enfim! Esquece-se que tudo o que conduz à união das pessoas, ao aprofundamento dos laços de amizade e fraternidade deve, a meu juízo, ser apoiado e ajudado. Se for o caso, quem tem responsabilidades, deve dar o seu contributo de orientação porque se está e se quer fazer o melhor para todos.
Na simplicidade da oração e na tradição das pessoas que souberam incorporar e inculturar na vida das suas comunidades este horizonte espiritual cristão mais vasto, se há algo a aperfeiçoar que seja feito com caridade e sensibilidade. E nunca se deixe de agradecer devidamente.

Edição
3948

Assinaturas MDB