Eleger o sucessor de Pedro... e de Francisco
O Papa Francisco, o primeiro Papa latino-americano e jesuíta, partiu para o Pai, aos seus 88 anos. É o Papa da Esperança, do cuidado com os mais pobres e a criação e de uma Igreja em saída a cuidar das periferias.
Após esta tão sentida e significativa perda, ainda que já esperada, começará brevemente o ritual mais antigo do poder católico: eleger o seu sucessor.
Para isso irá realizar-se aquela que não é uma votação qualquer, pois é um processo pleno de mistério, de simbolismo e de decisões que marcarão e mudarão para sempre a história da humanidade.
Os 135 cardeais que participarão, com menos de 80 anos, vindos de todo o mundo, como que se isolarão do mundo, em Conclave, exercendo a sua votação na Capela Sistina e dormindo na Casa de Santa Marta.
Terão de cumprir várias exigências entre as quais as de só falarem entre si, de não terem contato com o exterior, para ficarem livres das pressões e das influências e, por isso, não poderão ter consigo telemóveis, nem acesso à internet e nem lhes será permitido tão pouco qualquer contato com a imprensa nem qualquer filtrações de informação. Concomitantemente não poderão realizar campanha, nem nenhum Cardeal pode votar em si mesmo.
Contudo haverá os favoritos, os anti favoritos e as surpresas que ninguém estará à espera em que o favorito não ganha e o desconhecido se converte no escolhido. Lembremo-nos quando o Papa João Paulo II foi o primeiro Papa não italiano em 455 anos, em que seguramente não era o favorito... até que o Espírito Santo soprou onde ninguém esperava!
O Papa é eleito com pelo menos 2/3 de todos os votos e, desde esse momento, converte-se no líder espiritual de 17% da população mundial, cerca de 1.406.000.000 de pessoas de todo o mundo, sendo uma das figuras mais marcantes de toda a humanidade.
Depois de eleito não há retrocesso, tornando-se definitiva a eleição e após a saída do fumo branco, da proclamação “habemus papam”, do ressoar do nome do novo Papa e dos sinos tocarem, começa um novo capítulo na história da Igreja e do mundo.
É um momento histórico, profundamente espiritual, mas também humano e altamente simbólico.
É aqui que entram 4 Cardeais portugueses para eleger o 267.º Papa, Bispo de Roma e sucessor de Pedro e não tanto, pensa-se, para algum deles ser eleito.
Porém, para todos os Cardeais eleitores, não se constitui como uma missão fácil. Desde logo pelas exigências atuais do ministério de Sua Santidade, onde se procura, com a inspiração do Espírito Santo, quem possa combinar, de modo harmonioso, a ternura do Pastor, sacramento de Cristo, Bom Pastor, com a profundidade do seu magistério, propiciando a escuta da Palavra do Evangelho e os vastos e significativos ensinamentos da Igreja, no momento atual e concreto da vida do mundo e da história.
Depois, porque são muitos e variados os desafios, desde a sinodalidade, à leitura e interpretação dos sinais dos tempos até à urgência de uma nova evangelização, especialmente na Europa, passando pelas realidades sociais e mundiais tão complexas, a proliferação das outras confissões religiosas, principalmente do islamismo, culminando nas sociedades profundamente secularizadas e anti eclesiais numa vertente laicista de tantos Estados, que a escolha exige mesmo forte intervenção divina.
Também nós poderemos ajudar, testemunhando a nossa fé e sobretudo rezando, para que a Igreja continue o legado de Francisco e a afirmar a atualidade de Jesus Cristo e do seu Evangelho e da sua centralidade salvífica.