A opinião de ...

Formação como critério de gestão!...

As coletividades desportivas, tal como outras organizações, para sobreviverem de forma sustentável e socialmente harmoniosa, têm necessidade de adotar um critério de gestão de acordo com as realidades socioeconómicas e culturais em que se inserem. Se assim não for, os objetivos inerentes à sua sobrevivência acabam por ser completamente desvirtuados e, portanto, sem cumprirem a sua função, sobretudo ao nível da responsabilidade social.
Isto de associações, coletividades desportivas, ou outras, tem muito que se lhes diga, nomeadamente no que toca à sua função e responsabilização, com particular relevância quando sobrevivem, fundamentalmente, à “pala” de subsídios institucionais…e pouco mais.
Um dos desafios que se colocam às coletividades desportivas, diria clubes, é, sobretudo, procurar conciliar a capacidade económica com o objeto que norteou a sua criação, com valores humanos e função formativa/socioeducativa.
Essa convergência deve constituir objetivo principal, tendo em conta o contexto económico e a realidade local específica, pois a sustentabilidade de um clube não pode, nem deve esgotar-se na pedinchice subsídio-dependente, que pode ter implicações negativas a outros níveis. Por outro lado, deve ser promovida a inclusão comunitária e encontradas alternativas sustentáveis, de modo a não ficar comprometido o futuro e a função social de um clube.
Vem isto a propósito, também, das disfuncionalidades que existem no que diz respeito à responsabilidade que se impõe no que toca à formação.
Pelo que é possível constatar, contra factos não há argumentos, a formação desportiva, que deveria ser prioritária, por várias razões, mas também porque só ela garante um futuro credível e com identidade a qualquer clube, está a ser, nalguns, pura e simplesmente relegada para um plano secundário. Como dizem os pais de muitos dos jovens atletas, a formação é o parente pobre. Pelos vistos, nem sequer é filha do clube, mas sim parente, e pobre, infelizmente!... Isto para não falar dos clubes que se pavoneiam/divertem com equipas seniores, com identificação, mas sem identidade, já que, ao nível formativo, não realizam qualquer atividade ou desenvolvem qualquer ação, participando apenas naquela competição.
Por outro lado, se a aposta no setor formativo é inconsistente, torna-se desmotivante para as crianças e jovens que nela participam, e para os encarregados de educação, inconsequente.
Para tirar as dúvidas, até no capítulo da motivação/inclusão e preparação, é só assistir a jogos de futebol, relativos às competições de formação,  e verificar/comparar a qualidade das equipas da região em relação a quase todas as outras.
Ninguém tenha dúvidas, o futuro está na forma como orientamos e educamos as nossas crianças e jovens e os modelos apresentados são determinantes. Por isso, a formação torna-se uma questão vital e prioritária. Quem concede subsídios para o efeito, além de negligente na aplicação dos mesmos, é também responsável pelos seus resultados.
Bem sabemos que as disfuncionalidades económicas têm consequências muito graves, a vários níveis, mesmo no que concerne à ineficácia no contexto da aplicação dos meios legais disponíveis. Porém, torna-se determinante, promover a robustez dos valores que orientam as vidas formativas dos mais novos, a vida pessoal de cada um e o sucesso coletivo, sem esquecer que a formação deverá ser um critério prioritário na gestão de qualquer agremiação.

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