Nordeste Transmontano

Projeto da Escola Agrária quer recuperar cereais tradicionais e valorizar produção e comercialização

Publicado por Glória Lopes em Qui, 12/18/2025 - 10:39

A recuperação da produção de cereais tradicionais para a alimentação está em marcha na Escola Superior Agrária de Bragança (ESA), com um projeto de abrangência nacional que se propõe valorizar e promover estes produtos de valor acrescentado, “criando novas oportunidades de mercado”, referiu Luís Dias, o investigador que coordena o projeto CERTRA apresentado no passado sábado durante o seminário ‘Semeando Futuro: A Economia e a Essência do Trigo Barbela’, que se realizou em Varge.
A certificação desses cereais, cujo cultivo tem sido abandonado ou reduziu drasticamente, como o trigo barbela e espelta, milho das variedades verdeal e pigarro, bem como o centeio, é outra das prioridades do projeto que envolve investigadores, produtores, moageiros e comerciantes. Trata-se de homogeneizar os lotes para as sementeiras com os cereais certificados.
Portugal foi pondo de parte o cultivo de cereais há 30 anos, e atualmente produz apenas cerca de cinco por cento do que consome. “O que daria só para duas semanas sem importações”, adiantou Luís Dias.
Entretanto, estas culturas podem ressurgir, visto que o governo se prepara para promover esta produção, para tornar o país menos dependente das importações. “A ideia é chegar a uma produção de cerca de 50% do que é consumido em Portugal, por isso deverão surgir novas diretrizes e subsídios. Pelo menos é isso que eu espero”, afirmou o investigador.
O CERTRA fez o levantamento de cereais tradicionais cultivados no país e agora está a sensibilizar os agricultores para o seu cultivo, aumentando a sua visibilidade e contribuindo para a valorização de modo que o consumidor veja as vantagens em comprar estes produtos, considerados mais saudáveis. Trata-se de variedades com benefícios para a saúde à luz da dieta Mediterrânica. “A ideia é criar uma marca para cada cereal e depois valorizar o produto de modo que cada um destes cereais seja mais bem pago, até nos restaurantes, onde os clientes deviam poder escolher o tipo de pão que querem comer

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