A opinião de ...

Lucidez precisa-se

Quatro factos motivam-me a escrever estas reflexões: 1) a cultura predatória, neofascista e neoimperialista de Trump e de Putin; 2) o impedimento das mulheres em acederem ao diaconado cristão católico; 3) o projecto de alterações à Lei Laboral sem cumprimento das regras da concertação social; 4) os pós-debates dos debates dos candidatos às eleições para Presidente da República (PR).
Trump negociou com Zelensky o usufruto das terras raras da Ucrânia. A seguir, negociou com Putin a invasão da Venezuela e da Gronelândia, a troco da posse definitiva pela Rússia das terras ocupadas na Ucrânia, e de possível ataque à Europa.
O Papa Leão XIV aceitou as conclusões do estudo/trabalho de uma Comissão nomeada pelo Papa Francisco I no sentido de saber se as mulheres poderiam ascender, numa primeira fase, ao diaconado, e, numa segunda, ao sacerdócio. A conclusão foi que não podem porque, entre outras razões, os sacerdotes são homens porque Cristo foi homem e não mulher. No entanto, redime-se, em parte: o assunto continua aberto ao estudo e ao diálogo.
É curioso que Cristo, Homem-Deus, foi filho de uma virgem-mulher, santa como Ele, mas nem essa evidência conduziu os membros da Comissão a colocar em pé de igualdade homens e mulheres. Se esta conclusão fosse extraída há 2.600 anos, numa sociedade de conhecimento mítico e mágico, eu compreenderia. Proclamá-la hoje é postergar a religião para o mundo do irracional. É admitir que a mulher é inferior ao homem porque foi tirada da costela deste como o deus grego principal nasceu da coxa de Cronos, há, julga-se, 2.800 anos. É tornar evidente que muitos membros da Igreja Católica professam as irracionalidades da Religião Islâmica na relação dos homens com as mulheres. É dar razão aos que dizem que ser cristão é ser débil mental e escravo. Recuso.
O Governo disse que elaborou um projecto de lei laboral sem ouvir os parceiros sociais para servir de proposta na audição dos mesmos, mas deixou que as centrais sindicais declarassem uma greve para explicar que tinha esta intenção. Acredite quem quiser, mas o facto é que a Sociedade Civil ficou incrédula perante tanta desconsideração da concertação social. Mentir tão descaradamente não fica bem a ninguém. Uma coisa é demagogia, outra é mentira pura.
Vivemos o quase apogeu da Sociedade da Informação onde, supostamente, todos somos ou podemos ser informados e esclarecidos. As nossas televisões instituíram os pós-debates aos debates entre os candidatos a PR como se os portugueses não soubessem interpretar as respostas e interpelações daqueles. Só posso entender estes pós-debates como manipulação da informação e menosprezo pela capacidade de raciocínio dos telespectadores.
Resta a esperança, sempre renovada, de que os portugueses revelem mais bom senso nas eleições do que todos os candidatos e pós-debatentes juntos.

Já não voltamos a comunicar antes do Natal. Por isso, expresso a todas(os) votos de feliz Natal, de preferência, unidos pelos valores da mensagem de Cristo, mesmo que não da Igreja Católica.

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