A opinião de ...

Repensar as estratégias de combate à pandemia (Covid-19)

Desde março de 2020 que Portugal e o mundo tomaram consciência que estávamos perante uma pandemia (Covid-19) de consequências indetermináveis. Tomaram-se muitas medidas, mas a pandemia continua a avançar. Está sempre na ordem do dia informação sobre a pandemia suportada por dados orientados para confirmarem quase tudo sobre o que aconteceu hoje e oque aconteceu ontem, mas com poucas perspetivas sobre o que acontecerá amanhã.
Quando um problema é novo e desconhecido procuram-se soluções que a falta de conhecimento impede a sua resolução de forma adequada e eficaz. A nível científico e no âmbito da produção de vacinas, a acreditar na mistura entre ciência e publicidade, as vacinas chegarão em breve. No entanto, o que fazer enquanto as vacinas não forem administradas? Mas mesmo que as vacinas venham resolver grande parte do problema, ficarão sempre em aberto as questões: Como proteger e evitar o contágio das pessoas em que a vacina não tenha o efeito desejado? Admitindo que a eficácia das vacinas atinge os 90%, em cada 100 pessoas 10 ficam com o problema por resolver, o que se pensarmos num distrito como é o de Bragança, com aproximadamente 140 000 habitantes, ficam expostas ao problema 14 000 pessoas que são suficientes para impedir a tranquilidade relativamente ao vírus, mesmo depois da vacinação.
Pelo exposto, é necessário construir estratégias para se lidar com o vírus. É fundamental atuar em função do conhecimento científico. Se é possível prever os resultados eleitorais a nível nacional a partir de sondagens com amostras relativamente pequenas, muito inferiores a mil respostas válidas, também tem de ser possível usar procedimentos análogos, testando amostras relativamente ao Covid-19, para prever a evolução da pandemia e conhecer as causas e os contextos que facilitam a sua propagação.
Não se pode esperar mais tempo. É necessário deixar de usar palpites e passar a utilizar procedimentos de Estatística Inferencial, com amostras adequadas da população portuguesa e com a regularidade necessária, para responder com números, entre outras, às questões que se seguem. Qual é a probabilidade de uma pessoa ser, ou ter sido, contagiada: Num restaurante? Num centro comercial? Num jogo de futebol? Num evento cultural? Numa escola? Num hospital? Num centro de saúde? Numa IPSS? No local de trabalho? Nos transportes públicos? Em transportes privados? Na rua? Em casa?
As respostas, com números, às questões apresentadas ajudarão a compreender melhor como lidar com a pandemia, bem como com as medidas necessárias para a combater.

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3811

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