A opinião de ...

O associativismo como um sinal da sociedade

Os problemas que se verificam atualmente no Grupo Desportivo de Bragança são um sinal da sociedade ao qual devemos estar atentos.
Com duas Assembleias Gerais já realizadas, com cerca de 30 sócios (há dois anos votaram 700 no último ato eleitoral) presentes e sem que de entre eles tenha havido um com disponibilidade para encabeçar uma lista que fosse capaz de reunir os elementos necessários, fica demonstrado que o movimento associativo não atravessa uma das suas fases mais saudáveis.
Até porque este não é um problema exclusivo do GDB.
Se, por exemplo, o Académico de Bragança não teve sobressaltos e Paulo Gonçalves foi eleito para um terceiro mandato (a saúde financeira do clube ajuda ao aparecimento de voluntários disponíveis), em casa onde não há pão, como a do GDB, só se ouve ralhar. E são várias as associações desportivas do distrito de Bragança com problemas financeiros e com falta de soluções à vista.
As situações já de si periclitantes só se tornaram piores com a covid-19 e a impossibilidade de realizar muitas das atividades habituais.
Mas o maior problema talvez seja o desinteresse que emana da sociedade para com as coletividades, de que o caso do GDB é paradigmático.
Os jovens estão cada vez mais autocentrados e menos disponíveis para a causa pública. O hábito de participar na vida da sociedade, de questionar, vai-se perdendo e, com ele, definham os clubes e associações, sem sangue novo com disponibilidade para abraçar a causa.
Um problema que só tenderá a agravar-se no futuro, com o proliferar de atividades cada vez mais individualizadas.

Um problema que deveria preocupar não apenas os associados das coletividades, que vão definhando, mas os responsáveis políticos do país, pois a ausência de massa crítica tende a travar a evolução das sociedades. E os números da abstenção já são assustadores. É uma sociedade assim que se pretende?

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