A opinião de ...

3 - Orçamento do Estado, vamos fazer as contas

Se tudo correr como previsto, e se para tal houver coragem, dignidade e sentido de estado da parte de todos os responsáveis políticos intervenientes neste processo, durante as duas próximas semanas, o Orçamento do Estado para 2026, já aprovado na generalidade, volta à Assembleia da República para, finalmente, ser discutido e votado na especialidade.
Ao que tudo indica, pelo muito que está em causa, ainda que apoiado por uma maioria relativa, o Orçamento irá ser aprovado, assim o queiram todos os responsáveis políticos a quem compete fazê-lo, dos quais se espera que, por tudo o que está em causa, tenham a lucidez e o sentido de responsabilidade necessários para colocarem em segundo plano os seus interesses e as estratégias sectoriais e partidárias, por mais urgentes, legitimas e importantes que até possam ser.
Isto não invalida que haja outros, mais urgentes, mais legítimos e quiçá mais importantes, a que é urgente dar a resposta possível para melhorar as condições de vida das camadas mais desfavorecidas da população, sem a mínima capacidade de reivindicar seja o que for, muitas delas relevadas para a qualidade de números anónimos, que só contam para as engrossar as estatísticas e alimentar toda a espécie de mentiras, de demagogia e de ilusões, com que são bombardeados despudoradamente durante as campanhas eleitorais, pela verborreia indecorosa de quem, para atingir os seus fins, tem a lata de prometer este mundo e o outro, quando já sabe que o que tem para dar, tudo espremido, não daria para mandar cantar um cego.
AS CONTAS, OS “GLUTÕES” E OS OUTROS
Nesta ordem de ideias, no pressuposto de que, como se espera, o orçamento venha mesmo a ser aprovado, o que se espera e se exige, tanto dos responsáveis que o elaboraram, como, e muito especialmente, da turba multa de glutões que já se perfilam para o ataque, para evitar correr riscos desnecessários, é que, uns e outros, dentro das responsabilidades de cada um, no mínimo, saibam fazer contas de somar, de dividir e de subtrair o que, infelizmente, e não há como esconder esta realidade, nem sempre tem acontecido.
Do governo, espera-se um orçamento prudente de contas certas, ajustado à realidade, nua e crua, da situação económica do país, sem manipulação dos números e isento de toda e qualquer operação de cosmética.
Dos “glutões”, porque os recursos nacionais são limitados, porque não estão sós e para além deles há muitas pessoas que não têm capacidade para se fazerem ouvir, cuja subsistência depende exclusivamente do apoio do estado, espera-se que tenham o espírito de solidariedade suficiente para de pensar que os limites do mundo se confinam aos seus direitos, começam no seu bolso e terminam na sua barriga.

Edição
4064

Assinaturas MDB