A opinião de ...

Eleições 2022, “Triteirada”* à Portuguesa em três atos

1º ATO
Desengonçada e morta a geringonça, o destino fatal a que sempre esteve condenada, os pais, padrinhos e tutores daquela espécie de nado morto, ainda o cadáver jazia quente na cama em que o abandonaram e, como um bando insaciável de aves necrófilas, correram a fazer partilha dos despojos, reivindicando uns os valores e os direitos da herança, enquanto deixavam para os compinchas do dia anterior as culpas da crise que provocaram e para o país o ónus de satisfazer as suas ambições pessoais e os seus interesses de grupo.
2º ATO
Depois destes heróis enterrarem “o seu governo”, abusando da paciência dos outros, sem lavarem a fachada e com o desplante de sempre, aí estão de volta, com o atrevimento, a falta de vergonha crónica e a demagogia de sempre, a apresentarem-se como salvadores da pátria, depois de lavarem as mãos como Pilatos.
Salvo raras e muito honrosas exceções, a atual classe política, parece uma reedição, revista e piorada, das “picaretas falantes” de antanho, que fala, e fala sem dizer nada, sem respeito por nada nem por ninguém, e que, julgando-se dona absoluta do saber e da verdade, pensa que ainda estamos no PREC do século passado, sem se dar conta da chacota a que se sujeita e da imagem ridícula que constrói e passa de si própria.
3º ATO
- Quando falta competência, vergonha e dignidade, sobra idiotice, demagogia e charlatanice;
- Para os cofres públicos fica mais uma fatura pesada dos milhões gastos pelos partidos na compra duma parafernália de inutilidades como bandeirinhas, saquinhos, panfletos, autocolantes, cartazes, esferográficas, lápis, e barretes para satisfação e gozo dos colecionadores de ocasião;
- Para memória futura pouco mais ficará, (valha-nos ao menos isso!), que o engordar do anedotário nacional, de que são exemplo as tentativas anedóticas do Dr. António Costa em transformar o seu amigo Dr. Marcelo numa espécie de guarda chuva e fiador para o hipotético descambar da “sua” quixotesca maioria absoluta, ou apregoar que a sua maioria é melhor que a dos outros, o ridículo do vianense tergiversar sobre o nome do “sítio” onde as galinhas guardam o ovo, ou a lata dos grupos e grupinhos que, armados em defensores do povo, disfarçam mal os seus sonhos do poder e a apetência por uma cadeira à mesa do orçamento.
Perante um cenário desta natureza, é urgente que os políticos assentem os pés na terra, aprendam que as pessoas sabem muito bem o que querem, cada vez vão menos na treta e nas cantigas de charlatães e políticos de meia tigela e, na sequência dos resultados destas eleições,eleições, tenham a honestidade, a coragem e a inteligência de agir em conformidade.
Mesmo sendo evidente que não foi feito tudo o que era possível fazer-se para que as eleições decorram com total segurança, mas também, porque um voto pode mudar tudo, para bem da democracia, é importante lembrar que VOTAR É UM DIREITO E… UM DEVER.
*“Triteirada”: bobice, pantominice, teatro popular de rua.

Edição
3868

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