A opinião de ...

Quem fomentou, (e para quê) A “Almirantada” Mendes Calado/Gouveia e Melo?

Na minha crónica, sob o título “ Batalha Naval…num mar de equívocos”, publicada neste jornal no dia 7 do passado mês de outubro, sobre tentativa rocambolesca, (para não lhe chamar outra coisa) de substituição do então Chefe do Estado Maior da Marinha almirante Mendes Calado, em pleno exercício das funções em que fora investido, pelo contra almirante Gouveia e Melo, que poucos dias antes tinha deixado as funções de coordenador do processo de vacinação contra o Covid-19, por falta de informação, procurei fazer a análise possível desse processo nebuloso, que tanta polémica levantou na sociedade civil e no seio da família militar.
Então ,os grandes responsáveis pela paternidade daquela espécie de “ópera bufa” à italiana fizeram tudo para passar entre os pingos da chuva, tentando fazer vender eia que tudo aquilo se resumia “a um equívoco”, e até o próprio Dr. Marcelo, fora do país e sem beijinhos nem abraços, veio a terreiro lembrar que “a última palavra é do Presidente da República”. Plenamente de acordo , Sr. Presidente mas, e a primeira de quem foi?
Uma eternidade depois deste naufrágio geral, no qual muita gente se afundara, quando seria espetável que fosse clarificado esse tal “equívoco”, aproveitando o recrudescer da pandemia e a natural distração da época das festas de Natal, numa simulacro de cerimónia de posse de cerca de um minuto, envergonhada, quase ridícula, acabaram por substituir a tal ópera bufa por uma espécie tragicomédia, que devia fazer corar de vergonha todos os seus atores e figurantes.
Mas vergonha, dignidade e responsabilidade estão caras no mercado e, por falta delas, os estilhaços desta batalha acabaram por ser demolidores, deixando muita mal na fotografia:
-Um ministro da defesa, a aparente eminência parda deste imbróglio;
- Um primeiro ministro , então pretensamente desaparecido em combate;
- Um presidente da república que, mais uma vez, não se mostrou à altura de assumir todas as suas responsabilidades;
-Um contra almirante que, em manifesto contraste com o desempenho meritório de que deu provas na vacinação contra o covid-29, mal tirou o camuflado, se apressou a vestir o fatinho de gala e, numa manifesta falta de consideração para com o seu camarada de armas, entrou neste processo nebuloso e aceitou a nomeação para Chefe do Estado Maior da Marinha, cargo que, segundo foi afirmado pelos mais altos responsáveis, estava a ser desempenhado “com lealdade institucional” pelo almirante Mendes Calado.
No meio deste mar de águas turvas, fica um oceano de dúvidas, (ou talvez não), do porquê desta nomeação e da tão rápida aceitação do contra almirante Gouveia e Melo, da ausência, (ou demissão?) do detentor da “última palavra”, porque para a indignidade devia haver limites, depois da maneira indigna e ignóbil como sanearam o almirante Mendes Calado, de quem teve a lata e o desplante de propor que ele fosse condecorado.
Depois desta vergonha, porque não digitar a medalha e enviá-la por email?

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