A opinião de ...

Ano Novo, mas também por dentro

Sempre que um termina e outro começa, é comum a troca de mensagens e desejos de que o novo ano seja repleto de coisas boas. Expressões, tantas vezes, sustentadas no cumprimento de meras formalidades interativas, mais ou menos criativas, mas que não passam disso mesmo. Circunstanciais, decorativas por fora, mas vazias por dentro.
Independentemente, da comunicação, na ocasião, o mais importante é o sentido da verdade e a valorização da amizade, mais ou menos próxima, que emerge e toca no coração.
Portanto, muito mais importante que comunicar, simplesmente, é interagir positivamente, como quem sente, potenciando a afetividade minimamente convergente.
E porque o tempo não para e a vida continua, tendo em conta o calendário, cá estamos a iniciar um novo ano. O que acontece, ciclicamente, no arranque de cada período tempo, devidamente registado/programado, desde um de Janeiro a trinta e um Dezembro. Uma evidência a que nos submetemos, anualmente, e dela não conseguir fugir, porque é diferente, ainda que nos pareça que o primeiro de Janeiro será apenas o dia 1 de mais um mês, dos doze que tem o ano.
Neste contexto, as celebrações que, transversalmente, acontecem por todo o mundo, são o exemplo vivo de que o primeiro dia do primeiro mês do ano, Janeiro, é diferente de todos outros primeiros, do ano inteiro.
É diferente, principalmente, por todas as expetativas que nele colocamos, por todos os projetos pessoais que idealizamos, e por todas as promessas que fazemos, sobretudo a nós próprios, pensando até que vamos ser melhores, ser diferentes, que passaremos a organizar melhor a nossas tarefas e até conhecer outros mundos e outras gentes.
O início do mês de Janeiro é, pois, o tempo e o momento em que mais refletimos e pensamos no futuro. Porém, à medida que o tempo vai passando, daqui a uns tempos, talvez já nem nos lembremos do que agora pensámos, programamos, ou prometemos a nós próprios. Mas a vida continua, sem nunca parar…sem esperar, no cumprimento da azáfama diária, com o frenesim, sem pensarmos que não deveria ser bem assim.
Esqueceremos até que a 1 de Janeiro se celebra o Dia Mundial da Paz, que deve começar em nós, mas que pouco se vai fazendo para construir pontes de pacificação e união, ficando quase indiferentes aos acontecimentos que evidencia a injustiça, desumanidade, a ingratidão.
Aproveitemos, então, este primeiro mês do ano, para fazermos uma reflexão séria do mundo que nos rodeia, sobretudo melhorando as nossas atitudes perante os outros, não só por fora, mas com gestos sustentados por dentro.
No momento de formular os nossos desejos e propósitos, tidos como algo a conseguir, em que procura promover a mudança, não devemos esquecer tudo o que pode ajudar a obter cada um deles, e que esse tudo, não dependendo apenas da nossa vontade, só será possível, plenamente, quando vivermos de forma ativa, positiva e tranquila em comunidade.
É, também, importante cultivar um estado emocional que promova a positividade da vida, mesmo sabendo que é complicada, vivendo e enfrentado os problemas de forma séria e decidida, banindo o punindo os comportamentos incorretos e banindo atitudes doentias e pilatianas, que só complicam e nada resolvem.
Olhemos a realidade com serenidade e vontade de melhorar os ambientes em que nos movimentamos, sem ódios, nem vinganças, ou rancores, cultivando atitudes de cortesia, gentileza, franqueza, potenciando a alegria, onde a vida pareça mais triste.
Mais do que desejar êxitos profissionais, dinheiro, bens materiais, é determinante que se cultive a promoção dos valores imateriais, de renovação interior, contagiando com emoções afetivas, positivas, transmitindo a serenidade e a esperança, seja onde for.   

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3507

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