A opinião de ...

Lusitanidade em Paris!...

No âmbito das minhas responsabilidades ao nível da Confraria do Butelo e da Casula, acompanhado por mais cerca de três dezenas de confrades, estive, no passado fim-de-semana, na capital francesa.
Independentemente do êxito, ao nível de outras atividades, no domínio da promoção e divulgação do Butelo e da Casula, bem como de outros produtos nordestinos e da própria região, não posso deixar de consagrar um texto ao facto de termos sido recebidos na Câmara (Maire) de Paris.
À primeira vista até poderá dar a ideia de que se tratou de ato normal. Mas não. Antes pelo contrário!...
Em primeiro lugar, porque não é fácil uma organização ainda jovem, como o caso da Confraria do Butelo e da Casula, ser recebida, ao mais alto nível, na “Maire de Paris”. Em segundo lugar, porque fomos recebidos num sábado,  dia em que aquela instituição está fechada e foi aberta só para nos receber. Em terceiro lugar porque se tratou de uma visita com exclusividade, o que nos permitiu conhecer, sem qualquer incómodo, ou constrangimento, aquele majestoso e imponente edifício, a transpirar de história, de lutas e afetos passados, com singular significado na organização política e social francesa. Por último, porque tivemos o privilégio, pouco vulgar, de ser nosso anfitrião e cicerone, um lusitano de origem, um homem com grande prestígio, em Paris, em França, na Europa… Trata-se de Hermano Sanches Ruivo, um Beirão de origem e francês por adoção que, tendo feito, desde os cinco anos, toda a sua vida no meio social, académico e laboral, parisiense, assume, entre outros, o cargo de Conselheiro (vereador) para os Assuntos Europeus, em Paris.
Simples, transversalmente culto e profundamente conhecedor da história e da política francesa, utilizando, fluentemente a língua da pátria mãe, o português, sem sotaque, o que não é habitual, para quem cresceu e viveu sempre em França, para além do afável e confortável acolhimento, sem grandes formalidades, proporcionou uma visita pormenorizada ao todo o edifício municipal parisiense, ao mesmo tempo que deu uma lição de história, digna de apresentação de um trabalho de doutoramento.
Se impressionou, positivamente, pela sua simplicidade e agilidade na comunicação, não foi menos empático quando falou de Portugal, não escondendo, antes evidenciando a sua Portugalidade, sobretudo quando usou da palavra em plena Assembleia da “Maire de Paris”, local onde são apresentados e discutidos todos os assuntos relativos à vida e organização daquela grande metrópole europeia, diria mesmo mundial, e têm lugar cerca de duas centenas de deputados.
Aliás, visitar este emblemático espaço, com identidade singular para os franceses, constituiu, para a Confraria do Butelo e da Casula e, particularmente, para cada um dos confrades que puderem estar sentados nas cadeiras dos deputados, circular e tirar fotografias, livremente, um momento único e de grande significado, sobretudo quando, após o uso da palavra por parte do Conselheiro, Hermano Sanches Ruivo, tiveram oportunidade, também, de o fazer, o Grão-mestre e o Confrade-mor. Claro está, sempre tudo falado em Português.
Ora, também este facto, do uso da língua portuguesa, bem como a expressão de grande lusitanidade neste nobre ato, encheu-me, a mim e, não tenho dúvidas, a todos os outros confrades, de grande orgulho e particular contentamento.
Na verdade, é extraordinário sentir, em terras francesas, que a lusitanidade emerge de uma forma muito particular e fluente, em gente que acredita, que luta e entusiasma sempre. Pena é que essa influência positiva da lusitanidade em terras francesas, não seja aproveitada, devidamente, pelas instituições portuguesas, em Portugal.    

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