A opinião de ...

A 100 anos da morte do general Adriano Beça

“Sem a memória, não se pode construir; sem alicerces, tu nunca construirás uma casa. Nunca. E os alicerces da vida estão na memória”1, recordava-me há dias a Dr.ª Graça Madureira Beça estas palavras da Mensagem do Papa Francisco aos idosos. Se é o Papa que assim fala, continuava ela, porque não também eu fazer memória do meu avô o General Adriano Acácio Madureira Beça, no dia do centenário do seu falecimento, a 11 de setembro de 1923, em Miranda? Pois porque não? Ou, não serão os mais velhos “guardiões de uma memória colectiva, como gostava de afirmar o Papa São João Paulo II?2 Retorqui eu.
O General Adriano Beça nasceu em Vinhais, a 18 de novembro de 1857, filho de José António Ferro de Madureira Beça e de Maria Augusta de Morais Beça. Casou com Ignez Camila de Carvalho Sou Gentil, de quem teve três filhos e, faleceu em Miranda, a 11 de setembro de 1923.
Desde que assentou praça no Batalhão de Caçadores n.º 3, em 25 de novembro de 1874, a sua progressão militar não parou. Serviu no Corpo da Guarda Fiscal. Capitaneou a Guarda Municipal do Porto. Chefiou a 1.ª Seção do Comando Geral de Infantaria. Serviu na Secretaria da Comissão de Aperfeiçoamento da Arma. Foi Ajudante de Campo do Comando da 8.ª Brigada de Infantaria. Fez uma comissão de serviço no Ministério da Fazenda. Foi Secretário da Escola do Exército. Chefiou a 2.ª Repartição da 2.ª Direção Geral da Secretaria da Guerra. Integrou a comissão encarregada de reunir num só diploma, todas as diretivas referentes a promoções, Reformas, tirocínios e limites de idade dos Oficiais do Exército. Foi Vogal da Comissão Técnica de Infantaria. Foi Júri dos exames de promoção a Major da Arma de Infantaria, passando à reforma, a 30/07/1917, como Vogal do Supremo Tribunal Militar.
Escreveu sobre assuntos militares: “Formações Novas”, do qual os Exércitos português, alemão, austríaco e, espanhol, adotaram alguns processos táticos; “Evolução da Tática de Infantaria”, 1.º prémio da Revista de Infantaria, traduzido para inglês em 1911. “O Oficial nos Exércitos modernos – a sua preparação e a sua missão educadora”, prémio Ministério da Guerra; “Lições da Grande Guerra”; “O General Silveira – A sua ação militar na Guerra da Península e A Heroicidade Portuguesa”. O General Adriano foi sócio efectivo da Revista Militar desde 20 de dezembro de 1920, sendo eleito o décimo Presidente da Assembleia-geral em 1923.
Foi eleito deputado pelo Círculo n.º 4 [Bragança], durante a legislatura de 1906-1907, tendo sido distinguido com os graus da Grã-cruz, Grande Oficial, Oficial e Cavaleiro da Ordem Militar de S. Bento de Avis e de Oficial da Ordem Militar de S. Tiago, sendo ainda condecorado com a Medalha Militar de Prata, da classe de Comportamento Exemplar e a Medalha Militar de Prata, da classe de Bons Serviços3.
Faz-nos bem exercitar a memória lembrando os ilustres, para com eles humanizar a nossa vida, despertando com o Cícero lamento: “o tempora, o mores” [“ó tempos! ó costumes!], para nos demarcarmos da perversidade e dos nefandos costumes do tempo.

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