Em dois meses registaram-se metade dos ataques de lobos de 2024 no Planalto Mirandês
Em cerca de dois meses ocorreram metade do número total de ataques de lobos a rebanhos de 2024, em três concelhos do distrito de Bragança, nomeadamente Vimioso, Miranda do Douro e Mogadouro.
Segundo dados do Instituto de Conservação da Natureza e das Floretas (ICNF) entre 25 de julho e 2 de outubro deste ano registaram-se 22 investidas no Planalto Mirandês que atingiram 113 animais, dos quais 83 morreram, na sua maioria ovinos, mas também há registo de bovinos mortos ou feridos.
Este número é cerca de metade do total das investidas de alcateias registadas em todo o distrito de Bragança em 2024, ano em que foram denunciadas 43.
A coexistência entre a espécie e os humanos nunca foi pacífica, mas na zona do Planalto Mirandês está a tornar-se “insuportável, porque o lobo mau está de regresso”, afirmou Alcino Antão, um dos pastores afetados pela fúria do animal selvagem na sua exploração em Genísio.
Entre o início de 2024 e setembro de 2025 o ICNF tem registo de 32 investidas de alcateias contra animais pecuários naqueles concelhos na zona do Parque Natural do Douro Internacional.
Os ataques não são novidade em Portugal, onde o lobo-ibérico é uma espécie protegida por lei e cujo abate é proibido.
Só em 2024 foram feitas 657 comunicações de prejuízos no IFAP-Instituto do Financiamento de Agricultura e Pescas, o que corresponde ao número de denúncias/participações de perdas atribuídas ao lobo e registadas, pelos produtores na plataforma daquele organismo público, e que foram objeto de vistoria obrigatória pelo ICNF.
Já este instituto tem registo de 559 ataques de lobos em todo o país no ano passado, com 265 no distrito de Viana do Castelo, 133 no de Vila Real, 63 em Braga e 43 no distrito de Bragança. Na Guarda foram denunciados 37, 10 em Aveiro e nove em Viseu.
No dia 13 de setembro, Alcino Antão encontrou várias ovelhas mortas e feridas num curral vedado, junto à sua casa de habitação em Genísio, no concelho de Miranda do Douro.
No total perdeu 10 animais, outros ficaram feridos, mas sobrevivem, mancos e com marcas no lombo. “Os técnicos do Parque do Douro Internacional/ICNF estiveram cá e confirmaram que foram os lobos”, indicou Alcino Antão.
